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Morre homem que se tornou símbolo da luta contra agrotóxico na Argentina

O agricultor argentino Fabian Tomasi (dir.) e sua mãe, Nelida Beatriz Obispo, em foto de fevereiro deste ano - Pablo Aharonian/AFP
O agricultor argentino Fabian Tomasi (dir.) e sua mãe, Nelida Beatriz Obispo, em foto de fevereiro deste ano Imagem: Pablo Aharonian/AFP

Em Buenos Aires

10/09/2018 10h37

Fabián Tomasi, que trabalhou por anos lançando pesticida dos aviões e se transformou em um símbolo da luta contra o uso de agrotóxicos na Argentina, faleceu aos 53 anos, vítima de uma polineuropatia tóxica severa.

"Nesta sexta-feira (7) terminaram de matá-lo. Fabián ficou doente há mais de dez anos. Resistia a morrer para poder denunciar a prática agrícola genocida que o destruiu", disse à AFP  Medardo Avila, integrante da Rede de Médicos de Povos Fumigados, com quem compartilha essa luta.

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Com uma filha, Tomasi dedicou os últimos anos de sua vida a gerar consciência sobre o perigo da utilização de pesticidas e até se deixou fotografar doente e esquelético como parte de sua militância, lembrou Avila.

"Estamos com muita dor e muito indignados com sua morte. Temos um sistema de produção que polui meio país", denunciou o médico ativista.

Em seus testemunhos, Tomasi relatava que nunca havia usado proteção em seu trabalho, porque ninguém o havia advertido sobre o risco de manipular glifosato. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse pesticida usado para os cultivos com sementes transgênicas é, provavelmente, cancerígeno.

"Vai fazer que não reste ninguém. Toda terra que temos não vai chegar para sepultar tanta morte", disse ele em entrevista à AFP há alguns meses.

Por causa da doença ele já não podia mais ingerir alimentos sólidos, perdia massa muscular e tinha dores nas articulações que limitavam sua mobilidade.

Ele começou a trabalhar com agroquímicos em 2005 para uma empresa fumigadora da província de Entre Ríos (centro-este), localidade onde faleceu.