"Tenho 31 anos, sou viciado em pornografia e virgem por causa disso"
O britânico Jim é virgem, tem 31 anos e é viciado em pornografia. Enquanto tenta se livrar do vício, diz que a pornografia o impediu de "funcionar normalmente".
Ele relatou à BBC o efeito devastador do vício que o consome depois que passou a procurar material de sexo explícito online.
"Poucos sabem desse espaço privado oferecido pela internet", disse. "Você pode experimentar coisas com uma completa ausência de consequências".
Para muitos, pornografia faz parte de uma vida sexual saudável, mas, para aqueles como Jim (nome fictício), pode se tornar uma obsessão que destrói relacionamentos, amizades e atrapalha empregos.
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- http://noticias.uol.com.br/enquetes/2016/08/26/voce-se-considera-viciado-em-pornografia.js
"Quando era adolescente, nunca tive coragem de ir até uma banca e comprar uma cópia da FHM (revista masculina britânica que parou de circular em papel em 2015). Naquela época, procurar por imagens eróticas já me consumia havia muito tempo", contou.
Jim contou que, ao assistir a mulheres sendo tratadas de forma agressiva na tela, mudou o jeito que ele as trata na vida real.
Por anos tem assimilado mensagens, por meio da pornografia, de que as mulheres são essencialmente objetos. "Elas são suas essencialmente para ser possuídas", disse.
"Eu acumulei uma enorme quantidade de ressentimento e raiva em relação a meninas. Havia algo dentro de mim que dizia que essas mulheres deveriam ficar comigo. Há um monte de irritação, pensamentos violentos e negativos", completou.
Virgem de 31 anos
Jim admite que nunca fez sexo com outra pessoa, mas diz já ter visto absolutamente todo tipo de ato sexual.
"Há 15 anos era assim: ou você tinha experiência sexual ou não tinha nenhuma. Hoje, há pessoas como eu, que nunca fez (sexo) mas já viu de tudo".
Ele disse que pessoas como ele carregam toda a expectativa de como o sexo deveria ser construída a partir da indústria pornográfica. "Não acho que isso tenha qualquer tipo de consequência saudável".
Pornografia, segundo Jim, consome tempo. "É muito fácil perder uma tarde para assistir pornografia e esticar por toda a noite. Se eu tinha chance, o céu era o limite", recorda.
Jim conta que, aos 20 e poucos, ficava até de madrugada assistindo a filmes pornô. Era comum acordar tarde para ir trabalhar. Ou chegava muito atrasado, ou ligava para o chefe dizendo que estava doente e faltaria ao trabalho.
"A pornografia começou a ter um impacto enorme na minha capacidade de ser produtivo no mundo".
Ele diz que não era um amigo confiável. Conta que perdeu uma amiga porque se esqueceu do aniversário dela por anos seguidos. "Ela me cortou da vida dela", lamentou.
"Eu acho que se você é um viciado, você é, de diferentes maneiras, tóxico", conclui.
Para Jim, se o vício é tudo o que importa, normalmente o viciado se torna insensível em relação aos sentimentos e necessidades das outras pessoas justamente por estar envolvido exclusivamente nas próprias necessidades.
Sentimento de culpa
Jim relata que, num primeiro momento, a pornografia lhe proporcionava um sentimento bem-estar mas que, em seguida, o fazia sentir péssimo.
"Esse sentimento de culpa, vergonha e autoaversão realmente começa a te corroer por dentro. Cheguei a um ponto no qual estava realmente cansado disso tudo."
Jim procurou ajuda e passou a se tratar com uma terapeuta. Quando falou com a BBC, havia cinco meses que estava sem se masturbar ou assistir a filmes pornô. Ele acredita que só vai conseguir se relacionar com alguém quando excluir a pornografia da própria vida para todo e sempre.
Eu nunca tive relações sexuais, uma parte de mim está feliz por isso porque há muitas ideias que agora estou tirando da minha mente
Melhorando
Depois de perder o controle da própria vida por conta do vício em pornografia, Jim acredita que está melhorando.
"Minha vida agora é administrável. Posso lidar com isso. Eu sou capaz de trabalhar mais horas, de fazer outras coisas que eu realmente gosto. Eu comecei a ler".
Diz ser absurda a quantidade de tempo livre que tem agora.
"Eu quero um relacionamento saudável com outro ser humano real, e eu quero estar em um relacionamento com esse ser humano real, e não com uma ideia que eu tenho de como deve ser esse ser humano. Então é nisso que eu estou trabalhando."
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