Síria ataca milícias pró-Assad após confronto com 17 mortos
Pelo menos 14 membros das forças de segurança foram mortos na quarta-feira (25), em Khirbet al-Ma'zah, no oeste da Síria, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). No confronto, três homens armados, ligados ao regime do ex-presidente Bashar al-Assad, também morreram.
As novas forças de segurança sírias lançaram nesta quinta-feira (26) uma vasta operação contras as mílicias pró-Assad, informa a agência de notícias oficial Sana.
Sana detalhou que vários integrantes de grupos fieis ao ex-presidente Bachar al-Assad foram "neutralizados" nessa operação. O OSDH indicou que várias pessoas "foram detidas" na ação lançada após os violentos confrontos de quarta-feira e as manifestações inéditas da comunidade alauita, à qual pertence o presidente deposto.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos relatou que as 17 pessoas foram mortas em confrontos entre homens armados e as novas forças de segurança que tentavam prender um representante do antigo regime em Tartus. O oficial é acusado de ser "um dos responsáveis pelos crimes na prisão de Saydnaya", perto de Damasco.
Os confrontos eclodiram depois que "os moradores se recusaram a permitir que suas casas fossem revistadas", acrescentou a Ong, completando que "dezenas de pessoas" foram presas. Em uma emboscada na entrada da aldeia, o irmão do oficial e homens armados bloquearam as forças de segurança e atiraram contra um dos veículos de patrulha.
A Ong disse ainda que o homem procurado, era um ex-diretor de justiça militar identificado como Mohammed Kanjo Hassan,.De acordo com o OSDH, ele "proferiu sentenças de morte e julgamentos arbitrários contra milhares de prisioneiros" de Saydnaya.
"Matadouro humano"
Localizada ao norte de Damasco, a prisão de Saydnaya,tornou-se um símbolo da repressão do clã Assad à população síria, principalmente desde o início da guerra civil em 2011. Milhares de detentos, amontoados nessa prisão que a Anistia Internacional descreveu como um "matadouro humano", foram libertados pelos rebeldes sírios que tomaram o poder em Damasco, em 8 de dezembro.
O novo ministro do Interior da coalizão rebelde, Mohammed Abdel Rahman, confirmou em um comunicado que "quatorze membros do Ministério do Interior foram mortos e outros 10 ficaram feridos após (...) uma emboscada feita por ex-membros do regime criminoso" na província ocidental de Tartus. Isso aconteceu "enquanto eles cumpriam suas funções para manter a segurança e a proteção", sublinhou Rahman.
Reorganização do exército com ex-rebeldes
O incidente ocorre em um momento em que o governo sírio anunciou uma ampla reorganização das forças de segurança. Em Damasco, as facções armadas concordaram em se dissolver e se unificar sob a égide do Ministério da Defesa, chefiado por Ahmed Al-Sharaa, segundo informações do correspondente da RFI em Damasco, Mohamed Errami.
O acordo marcou um estágio crucial na reorganização militar da Síria, dando aos antigos grupos armados um status oficial após anos de desordem.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.