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Após perder todos os membros por infecção, britânico vence dificuldades e volta a trabalhar

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Imagem: Reprodução

29/12/2016 10h32

Após três anos de recuperação, frustração e contratempos, Alex Lewis está finalmente voltando ao trabalho.

Em 2013, o britânico descobriu uma infecção estreptocócica tipo A, que penetrou profundamente em seus tecidos e órgãos e provocou um envenenamento sanguíneo, ou sepsia, que pode causar falência múltipla de órgãos.

Em pouco tempo, viu-se em uma situação de luta pela vida. Alex perdeu seus membros para uma bactéria carnívora e viu sua rotina mudar completamente.

No entanto, não desanimou. "Eu não estava aproveitando a vida antes de ficar doente e acho que essa doença me fez valorizar o que eu tinha", disse ele à BBC.

Com o retorno ao trabalho de designer de interiores, Alex admite ter aprendido uma grande lição.

HOMEM - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal
"A mensagem que fica é que eu posso continuar e quem sabe viver uma vida extraordinária, agora em um corpo diferente."

Mudança

Aos 34 anos de idade, o ex-proprietário de pub viu sua saúde se deteriorar para um estado crítico em poucas semanas. Perdeu as pernas e os braços. Perdeu também os lábios e o nariz.

Cirurgiões precisaram retirar pele de seus ombros para substituir seus lábios - deixando-o, ele brinca, parecido com um personagem de Os Simpsons e com um nariz que escorre constantemente.

Apesar disso, Alex descreve o ano que descobriu a doença como o "melhor de sua vida".

A atitude positiva do britânico é considerada extraordinária pelas pessoas ao seu redor. Ele diz que se sente mais feliz agora do que antes de ficar doente. Muitos acham difícil de acreditar, mas ele insiste.

"(A doença) me fez pensar de forma diferente o que é ser pai, parceiro, ser humano", explica.

Mas Alex não consegue mais fazer muitas coisas das quais gostava, como cozinhar e jogar golfe. Ele e sua companheira Lucy tiveram de abrir mão do pub que tinham.

Homem 2 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Infecção

Era novembro de 2013 quando Alex percebeu sangue em sua urina e manchas e machucados estranhos em sua pele.

Levado às pressas ao hospital, descobriu que tinha uma infecção estreptocócica tipo A.

A pele de seus braços e pernas e parte de sua face rapidamente escureceram e gangrenaram - seus membros tiveram de ser amputados.

Para parentes e amigos que ficaram ao seu lado dia após dia, enquanto ele respirava com a ajuda de aparelhos, foi algo chocante.

Alex diz que, quando soube que seu braço esquerdo teria de ser amputado acima do cotovelo - resultado de uma gangrena que estava infeccionando seu sangue -, não sentiu tristeza. Os médicos foram bastante realistas. "Era uma questão de 'este braço está me matando'", conta.

Na segunda semana de dezembro, mesmo após a amputação, sua vida ainda corria risco. Por isso, pouco tempo depois, Alex teve de perder também as pernas.

"Processei cada amputação individualmente", conta. "Parte de mim pensou, 'vamos só resolver esse processo para que eu possa sair do hospital e voltar para casa'."

Para os médicos e para Alex, era crucial fazer o possível para preservar pelo menos um dos membros.

"Todos os amputados de quatro membros que conheci ao longo dessa jornada me disseram que fariam tudo por uma mão", diz Alex. "(Com ela) você ainda consegue fazer tarefas cotidianas, beber água, escrever."

Homem 3 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Mas o dano era grave demais e, certa noite, enquanto dormia, Alex se virou e acabou quebrando o braço ao meio, porque o osso estava infeccionado.

Sua companheira Lucy ficou devastada, imaginando que a vida ficaria muito mais difícil também sem esse membro. Mas Alex diz que achou o desfecho melhor do que se ele tivesse tentado por anos salvar o braço em vão.

"Acho que psicologicamente teria sido muito pior esperar muito tempo e depois perdê-lo", raciocina.

Recomeçar

Mas a partir daí, o britânico teve de aprender a viver uma nova vida. Não conseguia mais se levantar sozinho, tampouco se lavar e se vestir. Precisou acostumar-se à ajuda de um cuidador diariamente. Sua prioridade passou a ser aprender a andar.

Esse aprendizado começou em um hospital de Roehampton, no sudoeste de Londres. Em apenas duas semanas, Alex surpreendeu todos ao conseguir caminhar com próteses especiais.

Ele já caminha há mais de três meses e diz que progrediu muito, mas ainda pena para se adaptar. "Subir escadas é difícil, porque (as próteses) são curtas."

Alex agora também usa próteses de braços, na forma de ganchos, que o ajudam nas tarefas cotidianas. Voltar ao trabalho, no último mês, foi resultado de uma árdua jornada.

"É inquietante, mas acho incrível as coisas que o corpo humano é capaz de superar", afirma.

"Sempre fui tranquilo, relaxado. Essa atitude mudou, hoje tenho pressa para conquistar coisas - o que no meu caso é conseguir pegar uma xícara de café. (Mas) tenho sorte de estar vivo", diz.

"Foi, de longe, o ano mais incrível da minha vida. É difícil explicar, mas me sinto forte, bem, saudável e feliz em casa, talvez mais do que antes. Coisas ótimas saíram dessa experiência. Ela me fez perceber o quão preciosa é a vida."