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Coronavírus: qual a diferença entre pandemia, epidemia e infecção endêmica?

Homem pedala utilizando máscara de proteção para o coronavírus em Milão, na Itália - Xinhua
Homem pedala utilizando máscara de proteção para o coronavírus em Milão, na Itália Imagem: Xinhua

11/03/2020 15h27

O surto de coronavírus acaba de ser declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia.

Até agora, o surto deixou mais de 100 mil infectados em todo o mundo e mais de 4 mil mortos.

"Pandemia não é uma palavra para ser usada de maneira leve ou descuidada. É uma palavra que, se usada incorretamente, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

Mas o que é uma pandemia e qual a diferença entre uma epidemia e uma infecção endêmica?

O que é um vírus e como ele se propaga?

Vamos começar do começo: um vírus é uma pequena coleção de proteínas e material genético.

Existem muitos vírus no mundo. Um exemplo, e que infecta muitas pessoas todos os anos, é o da influenza — a gripe.

No Reino Unido, por exemplo, pode afetar cerca de 10 a 20% da população a cada ano. A gripe se espalha quando as pessoas espirram ou tossem. O vírus é transmitido entre pessoas ou por meio de substâncias infectadas, como muco.

Mas outros vírus podem se espalhar por contato direto quando as pessoas se abraçam ou se beijam, e há outros que são transmitidos por contato sexual, como o HIV.

Epidemia, pandemia ou endemia?

Rosalind Eggo, especialista acadêmica em doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, explicou à BBC as diferenças entre epidemia, pandemia e endemia.

"A infecção endêmica está presente em uma área permanentemente, o tempo todo, durante anos e anos", diz o especialista.

Um exemplo pode ser a varicela em muitos países, onde casos são registrados todos os anos. Ou a malária, que em partes da África é uma infecção endêmica.

Por sua vez, uma epidemia é "um aumento nos casos, seguido por um pico e depois uma diminuição". É o que acontece nos países onde as epidemias de gripe são registradas todos os anos: no outono e no inverno os casos aumentam, o máximo de infecções é atingido e depois diminui.

Finalmente, a pandemia é uma epidemia que ocorre "ao redor do mundo aproximadamente ao mesmo tempo". Eggo lembra que a gripe que começou no México em 2009 e que mais tarde chegou ao mundo inteiro foi uma pandemia.

Estamos preparados para uma pandemia?

A especialista lembra que a maior mobilidade e o número de viagens realizadas em todo o planeta são a principal causa pela qual uma pandemia pode ser desencadeada.

"As pessoas continuarão a viajar por todo o mundo e, se a infecção sobreviver nos locais onde elas chegarem, teremos uma pandemia", diz ela. Eggo destaca o papel vital das vacinas na prevenção de doenças.

"As vacinas permitem que nossos corpos vejam como é um vírus ou bactéria antes que realmente o percebamos. Se encontrarmos esse vírus ou essa bactéria, nosso corpo poderá responder rápida e solidamente", diz ela.

Então, poderíamos reagir a uma nova pandemia? "O mundo está mais preparado do que nunca. E cientistas, países, agências de saúde pública, como a OMS, trabalham em estreita colaboração para garantir que estejamos o mais preparados possível", conclui Eggo.