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Museu do preservativo na Tailândia busca conscientizar jovens

Gaspar Ruiz-Canela

Em Amphur Muang

01/12/2011 11h50

O museu do preservativo na Tailândia é uma instituição didática com o desafio de conscientizar os jovens e ao mesmo tempo lembrar a contribuição desse dispositivo contra a pandemia da Aids nos anos 90.

"Em geral, os tailandeses tem vergonha de comprar preservativos, mas o maior constrangimento existe entre os jovens", explicou à Agência Efe a médica Supawan Chongthamawat, responsável da entidade nos escritórios do Departamento de Ciências Médicas.

Dados da ONU indicam que cerca de 70% das doenças venéreas atingem a população com idade entre 15 e 35 anos. Mas a maioria dos jovens tailandeses não percebe o HIV como um risco que pode atingi-los, prova disso é que apenas de 20% a 30% deles fazem uso sempre do preservativo.

A médica reconheceu que se muitos tailandeses, principalmente as mulheres, têm vergonha de comprar preservativos, o mesmo sentimento existe na hora de pensar em visitar o museu, situado na província de Nonthaburi, próximo a Bangcoc.

"Criamos o museu há dois anos para reunir informação de campanhas e promover o uso do preservativo nos últimos 20 anos, além de mostrar como os controles de qualidade são feitos", afirmou Supawan.

A primeira sala de aula do museu, instalado em um prédio oficial entre laboratórios e cientistas de jalecos brancos, exibe um histórico dos preservativos masculinos e femininos, lubrificantes, alongador de pênis e antigos anúncios.

A visita, com direito a explicações de Supawan, continua pelos laboratórios, onde a resistência dos preservativos é testada.

Em outro setor, uma assistente coloca os preservativos em uma máquina que os enche com 300 mililitros de água e depois os massageia com uma toalha para comprovar a elasticidade.

Esse laboratório controla a qualidade dos preservativos fabricados na Tailândia, um dos maiores produtores do mundo.

De cada 315 preservativos submetidos aos testes, de dois a três estouram, percentual inferior a 1% de probabilidade de rasgarem durante as relações sexuais.

Supawan indicou que, ao contrário do que muitos pensam, o elemento mais importante para os preservativos não rasgarem não é o comprimento, mais a largura, que oscila entre 49 e 56 milímetros em geral.

As autoridades tailandesas estão fabricando preservativos de 45 milímetros para adolescentes com idades entre 13 e 15 anos, diante do aumento dos tailandeses dessa faixa etária que mantêm relações sexuais.

Após detectar o primeiro caso de Aids em 1984 e principalmente no início da década de 90, a Tailândia sofreu uma forte propagação da epidemia, contida graças as intensas campanhas de prevenção, principalmente nos bordéis.

De acordo com a ONU, 98% das prostitutas tailandesas usam atualmente o preservativo, contra 14% em 1989. O objetivo do Governo é reduzir o número de contágios de doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV, das 10 mil infecções anuais atuais para 3 mil, conscientizar os jovens e acabar com o estigma social que ainda sofrem as vítimas da Aids.