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Iêmen já tem quase 1 milhão de casos suspeitos de cólera, diz Cruz Vermelha

A epidemia no Iêmen é considerada a crise mais grave de cólera do mundo - Unicef/Divulgação
A epidemia no Iêmen é considerada a crise mais grave de cólera do mundo Imagem: Unicef/Divulgação

Em Sana

21/12/2017 11h47

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha anunciou nesta quinta-feira (21) que o número de casos suspeitos de cólera no Iêmen chegou a quase um milhão e que 2.226 pessoas morreram desde a detecção do primeiro surto, em abril.

"Os casos suspeitos de cólera no Iêmen são cerca de um milhão, o que aumenta o sofrimento de um país cercado por uma guerra selvagem", afirmou o órgão em um breve comunicado no "Twitter".

Mais de 80% da população iemenita carece de combustível, água potável e acesso à atendimento médico, acrescentou a nota.

O porta-voz da Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iêmen, Adnan Hazam, disse à Agência Efe que os casos de morte relacionados com cólera no Iêmen tiraram a vida de 2.226, desde abril, quando foi detectado um surto desta doença.

Segundo Hazam, embora estes números são "impactantes", as organizações internacionais as previam devido ao colapso do sistema sanitário e pela situação atual, perante as restrições impostas a algumas ajudas médicas e material sanitário básico.

A coligação árabe comandada pela Arábia Saudita e que combate os rebeldes houthies do Iêmen mantém um bloqueio aéreo, terrestre e marítimo ao país que impede a chegada de ajuda humanitária.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura alertou no Cairo em um relatório publicado hoje que quase 80% da população do Iêmen precisa de ajuda humanitária de forma urgente.

O relatório apontou que o Iêmen sofre a pior fome em toda a região, uma vez que cerca de 1/4 da população do país sofre com insegurança alimentar grave e 36%, moderada.

Os serviços de saúde se degradaram, o que contribuiu para gerar uma epidemia de cólera neste ano, que causou a morte de pelo menos 2.028 pessoas e perto de 580 mil possíveis contágios, para além de dois surtos de dengue e sarna em 2016.

O fornecimento de água, extremadamente limitado, também se deteriorou com a guerra, o que alimentou a violência no país.

O conflito iemenita piorou no final de 2014, quando os rebeldes hutíes tomaram a capital, Sana, e ganhou dimensão internacional desde que uma coligação de países árabes, liderada pela Arábia Saudita, começou a apoiar o Governo do presidente Abdo Rabu Mansur Hadi, em março de 2015.