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Santa Casa tem de reduzir quadro, afirma executivo

Em São Paulo

28/09/2015 10h12

Após um processo seletivo comandado por uma empresa especializada na busca de executivos, a Santa Casa escolheu o engenheiro José Carlos Villela, de 55 anos, como seu novo superintendente. Ele terá pela frente uma missão difícil: tirar a instituição financeira, cuja dívida ultrapassa os R$ 800 milhões, da maior crise de sua história. Por 28 anos, Villela trabalhou como consultor para uma multinacional na área de tecnologia. Pediu demissão do cargo e, há dois meses, passou a atuar como voluntário no plano de reestruturação da Santa Casa. Nomeado para a superintendência na semana passada, ele confirmou ao jornal "O Estado de S.Paulo" que a recuperação da entidade passa por “medidas amargas”, como corte de funcionários, e disse que a instituição deverá demorar dez anos para pagar a dívida bancária. Afirmou ainda que, se tudo correr bem, a Santa Casa vai operar no azul até o fim do ano.

Qual é o diagnóstico depois de dois meses na Santa Casa?

É uma situação muito difícil, mas temos duas grandes conclusões. A primeira é que o problema é grave. Mas a conclusão mais importante é que a Santa Casa é viável. De fora é difícil acreditar, dada a situação em que se encontra, mas também é verdade que a correção não vai ser suave. A gente tem um problema de gestão e a solução passa por uma maneira diferente de administrar a Santa Casa, passa pelo grupo da liderança dos médicos e enfermeiros engajados em virar o jogo da Santa Casa e passa também necessariamente por um trabalho conjunto com o governo. Então, a solução passa não por doações, mas por um trabalho conjunto.

Quais as medidas urgentes?

As duas principais são a redução de quadro e a segunda, que é tão importante quanto, é esse trabalho conjunto com as esferas governamentais e com os bancos para trabalhar o tema da reestruturação da dívida. Tivemos reunião com a Caixa e com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). E ambos se mostraram amplamente positivos, existe um esforço do governo federal com as Santas Casas. A Santa Casa é eminentemente SUS e será eminentemente SUS.

Qual é a proposta de vocês?

A estrutura básica desse programa tem uma taxa de juros um pouco mais palatável que a de mercado e o modelo é dez anos de prazo para a gente pagar. Do ponto de vista de base para a negociação é disso que estamos partindo.

E quando sai esse acordo?

Tem de ser neste ano.

Já se sabe quantas pessoas serão demitidas e com que dinheiro a Santa Casa pagará as verbas rescisórias?

Não. Primeiro, a Santa Casa vai pagar todos os direitos. Só vai fazer um processo se puder arcar com as obrigações e os direitos de todas as pessoas que saírem do nosso quadro. O modelo depende do possível aporte de capital, para que a gente tenha caixa.

Qual é o déficit da operação da Santa Casa hoje?

Em maio, eram R$ 18 milhões. Com esse movimento de ajuste de quadro, mudanças no Hospital Santa Isabel e sorte em alguns recebíveis, a gente acredita que consegue chegar ao fim do ano com um operacional equilibrado. É o equilíbrio operacional, não financeiro, porque isso depende do que a gente vai conseguir acertar com os financiadores.

Vocês estão pensando em vender imóveis da Santa Casa para auxiliar no pagamento da dívida?

Imóvel não é uma coisa que você movimenta com velocidade, então tem de ter um pouco de calma com esse processo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Fabiana Cambricoli