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Jovem de 28 anos morre após fazer aborto em clínica clandestina no Rio

24/08/2016 17h49

Rio - Uma mulher de 28 anos morreu ao ser submetida a um aborto em uma clínica clandestina em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, na última sexta-feira, dia 19. O corpo da vítima, grávida de cinco meses, foi encontrado naquela noite, com um corte na barriga, em uma rua deserta na Favela Parque Senhor do Bonfim, na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a cerca de 20 quilômetros da clínica.

A 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso) abriu inquérito. A atuação de uma quadrilha que realiza abortos na região metropolitana do Rio - cujos integrantes foram presos em 2013 - vem sendo investigada.

Caroline de Souza Carneiro saiu de casa em Paraíba do Sul, município na região centro-sul do Estado do Rio, ainda de madrugada, para fazer o aborto na capital. Ela chegou de ônibus à Rodoviária Novo Rio, em São Cristóvão, na zona norte, pela manhã.

O namorado, parentes e uma amiga de Caroline já prestaram depoimentos na delegacia. Segundo o delegado Wellington Vieira, apenas o namorado e a amiga sabiam da gravidez e, se ficar provado que eles incentivaram o aborto, ambos poderão ser indiciados.

O delegado informou, ainda, que o namorado, cujo nome não foi revelado pela polícia, será ouvido novamente.

A Polícia Civil ainda apura o local exato onde foi realizado o aborto. De acordo com Vieira, há duas clínicas em Benfica que pertencem ao mesmo criminoso, integrante da quadrilha investigada - uma na Rua Ana Nery e outra na Rua Senador Bernardo Monteiro.

"O foco agora é descobrir onde o aborto foi feito. Só vamos saber depois do trabalho da perícia. Quando encontrarem o sangue da jovem em uma das clínicas, por exemplo", disse Vieira.

Além das duas clínicas, há uma causa de repouso para onde as pacientes são encaminhadas após o aborto. Na época da prisão, em 2013, a quadrilha era formada por oito pessoas, incluindo médicos, que foram soltos após três meses na cadeia. Um dos médicos tem 80 anos e 18 registros criminais na Polícia Civil.

Nas clínicas investigadas, os policiais apreenderam materiais utilizados para os procedimentos clandestinos. Entre eles, uma cartilha com 11 orientações às pacientes, que incluem evitar exercícios físicos por uma semana, não ter relações sexuais por 20 dias e a possibilidade de ocorrer sangramentos e dores no baixo ventre.

Caroline trabalhava em uma clínica de estética. Ela deixa uma filha de dez anos. Estava grávida havia cinco meses, quando decidiu fazer o aborto.

No Facebook, pessoas relacionadas à vítima lamentaram a morte: "Esse sorriso em tão pouco tempo me encantou. Uma simpatia de menina. Cara de brava, mas de brava não tinha nada, com um coração lindo, puro mel!", escreveu uma amiga.

Clarice Cudischevitch, especial para a AE