Caraguatatuba, no litoral paulista, pede fechamento de parque por suspeita de febre amarela
A Secretaria de Saúde de Caraguatatuba pediu o fechamento do Parque Estadual da Serra do Mar depois que oito macacos foram achados mortos, com suspeita de contaminação pela febre amarela. Três animais foram examinados localmente e receberam um diagnóstico positivo para a doença, mas o exame definitivo do sangue dos animais ainda está sendo realizado.
Nesta quinta-feira (16), após consulta à Secretaria da Saúde, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado decidiu que o parque permanece aberto, mas as visitas serão restritas. A recomendação é que o visitante seja vacinado (e tenha recebido a vacina pelo menos dez dias antes). O agendamento de visitas monitoradas de escolas já foi suspenso. Por estar numa região turística, o parque é uma das unidades de conservação mais visitadas do estado.
A Secretaria de Saúde do Estado também orientou os municípios do litoral norte a intensificarem a vacinação contra a febre amarela e disse que a região está abastecida com mais de 40 mil doses, o que seria suficiente para imunizar o restante da população que ainda não se imunizou. De acordo com a pasta, 85% da população do litoral norte já está vacinada. A área foi incluída no início do ano na lista de locais com recomendação de vacinação.
Três dos macacos mortos, da espécie bugio, foram submetidos à necropsia na terça-feira (14), e o médico veterinário do Centro de Zoonoses do município deu o diagnóstico de febre amarela. "Enviamos o material ao Instituto Adolfo Lutz para confirmar a causa, mas já estamos trabalhando com esse diagnóstico positivo para a febre", disse o secretário de Saúde do município, Amauri Toledo.
Os animais mortos foram encontrados na região do parque conhecida como Horto Florestal, no bairro Rio do Ouro, próximo à rodovia dos Tamoios.
O secretário recomendou o fechamento em reunião com gestores do parque na quarta. Ele entendeu a medida como necessária devido ao risco de que pessoas não vacinadas circulem pelo local e contraiam a doença. A recomendação foi levada à Secretaria de Meio Ambiente do Estado. Nesta quinta, o secretário Eduardo Trani conversou com o secretário da Saúde, Marco Antonio Zago, e decidiu-se que, no momento, não é necessária a suspensão total das visitas.
Vacinação
A cidade ainda não registrou febre amarela em pessoas, e a cobertura de vacinação, embora abaixo da ideal, foi considera satisfatória. Até o último dia 9, tinham sido vacinadas 78.414 pessoas na cidade, o equivalente a 87,5% do público-alvo da campanha estadual contra a febre amarela —crianças, idosos e outros grupos de risco.
Para que a população esteja protegida, a vacinação deve atingir ao menos 95% da população, de acordo com recomendações do Ministério da Saúde. Também foram levadas em conta as medidas de prevenção que estão sendo tomadas, seguindo o protocolo do ministério.
Neste sábado (18), agentes comunitários de saúde, supervisores do Centro de Zoonoses e equipes da Vigilância Epidemiológica estarão no bairro Rio do Ouro para vacinar os moradores. A região é de difícil acesso e, nesta quinta, as equipes receberam treinamento para a abordagem casa a casa. "Vamos insistir para que as pessoas recebam nossa equipe ou se apresentem para a vacinação. A campanha continua também em todas as unidades básicas de saúde", disse Toledo.
A Secretaria de Saúde estadual recomendou que as pessoas aproveitem o Dia D da campanha de vacinação contra sarampo e pólio —que já vai ocorrer no sábado e, por isso, todos os postos de saúde estarão abertos— para que se vacinem também contra a febre amarela.
Até o momento, houve neste ano 502 casos autóctones (contraídos localmente) de febre amarela silvestre confirmados no Estado de São Paulo —178 pessoas morreram. Desse total, 30,2% das infecções por febre amarela foram contraídas em Mairiporã e 9,5% em Atibaia. Houve 14 casos litoral norte, dos quais cinco morreram. Foram duas mortes em São Sebastião e três em Ubatuba.
O parque
O núcleo de Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar tem 35,9 mil hectares com remanescentes de Mata Atlântica e abriga os mananciais que foram a Represa de Paraibuna. As cachoeiras e belos cenários podem ser vistos da Rodovia dos Tamoios e da Estrada do Rio Pardo, que atravessam áreas do parque.
A área de visitação oferece trilhas e passeios monitorados. Em maio deste ano, foi inaugurada a Trilha das Palmeiras, a primeira acessível a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, como idosos, gestantes e crianças. O percurso de 700 m leva os visitantes a uma piscina natural com prainha. Os visitantes do parque pagam ingresso de R$ 15.
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