Protestos e paralisações parciais marcam mobilização de médicos do SUS
Médicos de pelo menos 21 Estados protestaram nesta terça-feira (25) contra a baixa remuneração e as más condições de trabalho e de assistência oferecidas na rede pública de saúde. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), a estimativa é de que 100 mil profissionais tenham participado do movimento. A entidade afirma que a adesão ocorreu dentro do previsto, mas o balanço só será divulgado nos próximos dias.
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Em alguns Estados, médicos de algumas unidades suspenderam as consultas eletivas. Já em outros locais, houve apenas protestos e distribuição de panfletos. Atendimentos de urgência e emergência foram mantidos.
Em São Paulo, apenas o Hospital Emílio Ribas adeririu à paralisação, segundo a Secretaria da Saúde do Estado. Pela manhã, houve protesto no centro da capital: médicos "enveloparam" a sede da Associação Paulista de Medicina (APM) e depois seguiram para a Câmara Municipal.
No Rio de Janeiro, um grupo de profissionais ocupou as escadarias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no centro, para pedir a atenção da população e das autoridades.
No Paraná, houve um ato público na Boca Maldita, no centro de Curitiba, com a distribuição de panfletos sobre a precariedade da saúde pública.
No Mato Grosso do Sul, médicos fizeram uma “paralisação às avessas” em Campo Grande. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, médicos voluntários trabalharam junto com profissionais contratados. Segundo o sindicato da categoria, a ideia foi aumentar o efetivo de profissionais para “oferecer atendimento digno aos usuários do SUS”.
Em Salvador, médicos se juntaram a profissionais de outras categorias, como policiais civis e professores, que também cruzaram os braços para protestar. O movimento aconteceu em frente a um dos maiores shoppings da capital baiana, na Avenida Tancredo Neves. Os médicos suspenderam o atendimento nos ambulatórios e as cirurgias eletivas da rede pública, mas as emergências funcionaram.
Eles levaram carro de som, bandeiras e apitos, além de um bolo de 10 metros de comprimento com a inscrição: "R$ 13 bi cresceu tem que dividir", em referência à estimativa de elevação na arrecadação tributária do Estado este ano, que foi repartido com a população.
Em Minas Gerais, das 21 unidades da rede estadual, sendo 12 em Belo Horizonte e 9 em cidades do interior, 15 funcionaram normalmente. Cerca de 50 médicos se concentraram pela manhã em frente à Assembleia Legislativa para protestar.
Reivindicações
A Comissão Nacional Pró-SUS – composta por representantes da Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) – divulgou na tarde desta terça-feira (25) um documento com as reinvindicações dos médicos. O texto será encaminhado ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, secretários estaduais e municipais de sáude, parlamentares e outras autoridades.
Segundo os organizadores da mobilização, a média do salário-base do médico que cumpre jornada de 20 horas semanais, sem considerar gratificações, é de R$ 1.946,91 no país. A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) defende um piso baseado em uma lei federal de 1961 que seria de R$ 9.188,22.
Outra queixa da categoria é a falta de leitos hospitalares - entre 1990 e 2011, o país teria perdido 203 mil leitos. Segundo os médicos, houve perda na distribuição geral dos leitos do SUS em todas as regiões, exceto no Norte, onde teria havido variação positiva de 3.213 leitos. Em 20 Estados, a média de leitos de UTI por habitante fica abaixo da nacional, que é de 1,3. Além disso, argumenta o CFM, o Brasil perde dos vizinhos Argentina, Uruguai e Chile, quando comparado o investimento per capita na área.
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