Densidade de ruas está relacionada a doenças circulatórias
Quanto maior a densidade de vias de uma região, maior o número de mortes devido a doenças cardíacas. É o que aponta estudo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), publicado em artigo da Revista de Saúde Pública. A pesquisa analisou a relação entre o tráfego de veículos e a mortalidade em homens adultos por doenças do aparelho circulatório.
O trabalho, de autoria do geógrafo Mateus Habermann, buscou trabalhar com indicadores indiretos de exposição da população a poluentes atmosféricos. Ou seja, ao invés de se medir diretamente a quantidade de poluentes no ar, Habermann analisou o tráfego de veículos, o principal responsável pela emissão desses poluentes em São Paulo. A análise se dividiu nos distritos administrativos da cidade, e apenas as vias locais não foram levadas em consideração no estudo.
O geógrafo utilizou dois indicadores que poderiam se relacionar no tráfego: no primeiro, o indicador de densidade das vias e o segundo consistia numa soma da quantidade de tráfego (número de veículos em circulação) dividido pelo comprimento das vias do distrito (veículos/km). Foi observado que o primeiro indicador está de fato relacionado à taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, que incluem infartos, AVCs e insuficiência cardíaca, por exemplo.
Segundo a pesquisa, cada aumento de 10km de vias em um quilômetro quadrado resulta em uma morte a mais por alguma doença de origem no aparelho circulatório, num grupo de mil habitantes. No entanto, não foi encontrada relação entre a mortalidade e o segundo indicador, o tráfego de veículos.
Tráfego
Os dados de tráfego e comprimento de vias utilizados no estudo, orientado por Nelson Gouveia, foram fornecidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e se referem ao ano de 2007, enquanto os dados de mortalidade (organizados por distrito) se referem a 2005. Habermann acredita que se houve diferença na quantidade de tráfego nos dois anos que separam os dados, ela ocorreu em todo o município, o que não altera o resultado encontrado.
O pesquisador acrescenta que sua medida indireta de densidade de vias para estimar a exposição a poluentes é interessante para municípios que não possuem sistema de medição de qualidade do ar, podendo ser uma alternativa para eles.
(Com Agência USP)
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