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Para ativistas, criação de novo modelo comercial entre EUA e Ásia irá aumentar preço de medicamentos contra a Aids

24.jul.2012 - Grupo marcha em protesto por mais recursos para o tratamento da Aids - Larry French/AP Images for AIDS Healthcare Foundation
24.jul.2012 - Grupo marcha em protesto por mais recursos para o tratamento da Aids Imagem: Larry French/AP Images for AIDS Healthcare Foundation

Lucas Bonanno

Da Agência de Notícias da Aids, em Washington

24/07/2012 11h31

A criação da Parceria Trans-Pacífico (PTP), que prevê acordos de livre comércio bilaterais entre alguns países dos continentes americano e asiático, está sendo muito criticada por ativistas presentes na 19ª Conferência Internacional de Aids, em Washington. Eles acreditam que esse acordo irá expandir o monopólio da indústria farmacêutica norte-americana, o que limitaria o acesso universal ao tratamento da doença.

Anunciado como uma parceria para a integração econômica ao redor da região Ásia-Pacífico, a PTP envolve nove países: Austrália, Brunei, Chile, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Cingapura, Vietnã e Estados Unidos.

Segundo a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, um documentado que vazou do Escritório norte-americano de Representação Comercial (USTR, na sigla em inglês) mostra que os Estados Unidos estão pressionando seus parceiros comerciais neste acordo, em especial os asiáticos, para não contestarem patentes e estenderem o pagamento de royalties na compra ou fabricação de medicamentos.


“O que a Secretária de Estado Hillary Clinton e o governo americano estão propondo é o fim da Aids, mas isto também depende de decisões comerciais impostas por eles. Ao dificultarem a comercialização de antirretrovirais genéricos através da PTP, os Estados Unidos jogam contra o enfrentamento da epidemia”, disse Sharonann Lynch, assessor de assuntos políticos da Médicos Sem Fronteiras.

A organização não governamental norte-americana Public Citizen também critica a PTP. Em documento divulgado na Conferência de Aids, o grupo informa que o Vietnã será um dos primeiros países prejudicados pelas novas leis de patentes impostas pelos Estados Unidos.

“Quando falamos de acesso ao tratamento, o preço se torna uma sentença de vida ou de morte”, disse Peter Maybarduk, da Public Citizen.

Desde 2000, a produção de genéricos contra a aids tem contribuído para que mais pessoas tenham possibilidade de se tratar contra a doença. O preço médio do tratamento do HIV passou de mais de 10 mil dólares por ano para menos de 100.

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