Três em cada 4 paulistanos comem mais carne do que o indicado, diz pesquisa
O consumo de carnes em São Paulo aumentou cerca de 20% na última década. Quase 75% das pessoas comem mais do que o indicado, sendo a carne bovina a campeã de preferência, seguida por aves, porco e peixe. Esta é a conclusão de pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
A autora do estudo, a nutricionista Aline Martins de Carvalho, conta que o consumo excessivo de carne vermelha e processada, segundo o World Cancer Research Fund (órgão Americano para prevenção de câncer), é de 500 gramas por semana.
O consumo de carne processada, aquela que sofreu defumação, cura, salga ou adição de conservantes químicos, como hambúrgueres, empanados de frango, salsicha, linguiça defumada, presunto, também cresceu no período analisado, principalmente entre adolescentes.
Quanto maior o consumo de carne vermelha e processada pior era a qualidade da dieta do entrevistado. Segundo Aline, "as carnes são boas fontes nutricionais para o homem, porém devem ser consumidas com moderação; as carnes vermelhas e processadas têm sido relacionadas com aumento do risco de câncer de cólon e reto, doenças cardiovasculares, diabetes e ganho de peso".
O impacto ambiental do consumo de carne em São Paulo também foi foco de análise. Cerca de 18 milhões de toneladas de gases do efeito estufa foram emitidos para a produção da carne em um ano. Isso representa 5% do total de CO2 emitido pela agropecuária brasileira e equivalente a poluição gerada por um carro percorrendo uma distância de 9.673 km.
"Estima-se que para produção de 1 kg de carne bovina emita-se para o meio ambiente 44kg de gases de efeito estufa, devido a digestão dos ruminantes que libera gases como o metano, e a retirada de florestas para pastagem. Esses 18 milhões são a estimativa de emissão de CO2 pela produção da carne consumida pelos moradores de São Paulo no ano de 2003", explica.
A pesquisadora utilizou dados de 2.361 indivíduos coletados em 2003 e 1.662 indivíduos coletados em 2008, de ambos os sexos, com idade de 12 anos ou mais, incluídos no estudo transversal de base populacional: Inquérito de Saúde de São Paulo (ISA – Capital).
"É fundamental o estabelecimento de políticas públicas para redução do consumo de carne, dentro dos limites recomendados, como parte de uma alimentação saudável e ambientalmente sustentável", concluiu Carvalho.
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