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Verão aumenta alerta para lentes de contato na praia ou piscina

Do UOL, em São Paulo

24/01/2013 07h00

Quem usa lentes de contato comemora o fato de, no verão, poder ir à praia ou à piscina sem se preocupar em sujar as lentes dos óculos, derrubá-los da cadeira, e mesmo não precisar espremer os olhos para ver a paisagem. Mas o uso desses delicados objetos, apesar de muito práticos nesses ambientes de verão, é também muito perigoso. Oftalmologistas alertam para o alto risco de infecção, que pode fechar o tempo da sua viagem.

  • Irritação, vermelhidão e olhos lacrimejantes são sinais de uma possível infecção ocular pela lente

O grande vilão, em comum na praia ou na piscina, é a água. “Tanto a água do mar quanto a da piscina do clube podem ter um certo potencial de contaminação, alguma bactéria que pode causar uma infecção ocular”, diz Meibal Junqueira, oftalmologista do Instituto de Moléstias Oculares (IMO).  Para que isso aconteça, basta entrar água no olho.
 
"A lente de contato diminui a sensibilidade à dor. É claro que a gente tem uma certa tolerância, mas se você fica com aquela lente o tempo todo, vai manter a bactéria dentro do olho o tempo todo”, explica a médica. “O micro-organismo fica ali grudado na córnea.”
 
Um micro-organismo que tem assustado oftalmologistas é a Acanthamoeba, que pode causar um tipo de infecção grave, difícil de ser tratada. Um caso que repercutiu no ano passado foi o publicado pelo jornal britânico Daily Mail, em agosto, sobre uma jovem que contraiu a infecção ao nadar com lentes de contato na piscina de um hotel. Ela não desconfiou dos sintomas: vermelhidão nos olhos, irritação, sensibilidade à luz. Sem tratamento, precisou de cirurgias oculares e o problema se estendeu por meses. Jennie Hurst, de 28 anos, de Southampton, perdeu a visão do olho esquerdo.
 
O caso da britânica é extremo, claro, e pode ser descartado com medidas simples. A prática de esportes na água deve ser feita sempre com óculos de proteção. Se for entrar no mar para se refrescar em um dia de praia, feche os olhos ao mergulhar e tenha cuidado para não respingar água no olho. "O que não pode é deixar entrar água no olho com a lente. Se forem descartáveis, então, o mais seguro é retirar as lentes o mais rápido possível e jogá-las no lixo", diz Meibal Junqueira.
 
Outra situação perigosa para a saúde ocular que costuma passar despercebida entre usuários de lentes de contato é o banho de chuveiro. "A água do chuveiro vem tratada, mas a caixa d´água ou o reservatório podem estar contaminados", diz a médica, que lembra que a recomendação é não entrar no chuveiro com lentes. "Mas a gente sabe que as pessoas fazem isso, esquecem da lente. Se o olho irritar, ficar vermelho ou sentir algum incômodo, descarte as lentes, mesmo que novas."
 
  • Óculos de sol é mais do que acessório e deve ter bloqueio contra radiação UV para proteger os olhos

A preocupação em relação à água, a médica explica, é muito maior do que o contato com outras substâncias, como areia ou protetor solar.  "O grande problema em relação a infecções é mesmo a água. Poeira, cisco, protetor solar, em qualquer um desses casos é só tirar, limpar com a solução multiuso própria para as lentes e tudo bem. Mas, com a água, um único episódio é suficiente para causar infecção no seu olho." Se o olho irritar depois de um dia na praia, a dica é fazer uma compressa de água filtrada gelada - mais indicado até do que soro fisiológico, que por conter sais pode piorar a irritação - sem deixar cair dentro do olho, é claro. 

A córnea, um tecido delicado e muito transparente, age como se fosse a lente de uma máquina fotográfica. "Qualquer tipo de opacidade ou cicatriz na córnea pode levar à diminuição da visão", completa Meibal Junqueira. No caso de lentes rígidas, mais seguras que as gelatinosas, a opção é levar ao oftalmologista e esterilizá-las novamente.

 Um hábito comum entre os usuários, o de levar consigo o kit com a caixinha para guardar as lentes, tem cuidado redobrado também nessa estação. "Se for levar o estojinho da lente à praia, é preciso armazená-lo em um lugar limpo. Há um risco grande, dependendo de onde ele for deixado e em quais condições, de sofrer uma contaminação por bactérias", lembra  a médica Márcia Beatriz, oftalmologista mestre pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da Sociedade de Oftalmologia Pediátrica da Latino América.
 
Óculos de sol para proteger
Considerado um acessório mais do que um item de proteção, o óculos de sol também tem grande importância da saúde docular. "O efeito cumulativo da exposição solar sem proteção pode levar a uma série de doenças também dos olhos", diz a médica Márcia Beatriz. "Quando você vai sair ao sol, não passa filtro solar no rosto? Os olhos também precisam de proteção."
 
A indicação na hora de comprar o modelo está nas lentes, que precisam obter proteção contra raios UV - há marcas que possuem certificados que atestam essa condição do produto. Além disso, o uso dos óculos de sol são recomendados também para crianças, como lembra a médica. "Temos uma cultura errada, de achar que o óculos de sol é um brinquedo para a criança, mas não é. Desde bebê ela pode e deve usar óculos, que devem ter proteção contra a radiação ultravioleta. Hoje uma das maiores causas de cegueira é a catarata, uma doença muito relacionada aos efeitos cumulativos da exposição solar inadequada."
 
Após um dia de sol sem proteção, é comum sentir ardência, vermelhidão ou sentir os olhos lacrimejantes, sintomas de queimaduras no olho. Compressas com água filtrada gelada também são indicadas para um alívio imediato, e o oftalmologista deve ser consultado com urgência.
 
Uma alimentação saudável, com bastante vitamina A e C, também auxilia na saúde dos olhos. Incluir cenouras, ovos e verduras verdes nas refeições deve fazer parte da rotina no verão.