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Especialistas alertam para risco de misturar álcool e remédios no Carnaval

Tomar algum tipo medicação logo após beber pensando em evitar a ressaca pode até piorar a situação - Thinkstock
Tomar algum tipo medicação logo após beber pensando em evitar a ressaca pode até piorar a situação Imagem: Thinkstock

Do UOL, em São Paulo

11/02/2013 07h00

Carnaval é a festa mais esperada pelos brasileiros e é comum os foliões exagerarem na bebida. Para prevenir a ressaca do dia seguinte e, assim, voltar à folia, muitos costumam tomar "um antes e um depois". Porém, essa mistura de álcool com medicamentos pode terminar gerando sérios problemas de saúde, como avisa o Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP).

Quem está sentindo dor de cabeça, tontura e enjoo procura tomar algo que promova um alívio rápido e, com essa urgência, acaba misturando analgésicos com bebidas.  O resultado da mistura pode gerar hemorragia gastrointestinal, irritação da mucosa do estômago, perda da coordenação motora e náuseas.  

O CRF-SP lembra que o correto é buscar orientação farmacêutica antes de consumir qualquer medicamento, mesmo os isentos de prescrição.  Uma superdosagem de paracetamol, por exemplo, eleva o risco de danos no fígado.

Ingerir medicamentos sem orientação pode até mascarar ou piorar uma doença. Por exemplo: a pessoa acha que uma dor na parte posterior dos olhos é um sintoma de ressaca, no entanto pode ser dengue. Se ela se automedicar tomando uma aspirina (ácido acetilsalicílico), pode gerar um sangramento grave e até sua morte.

Riscos da superdosagem

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    Paracetamol (analgésico e antitérmico) - Pode causar lesões no fígado. Se utilizado com anti-inflamatórios pode aumentar as chances de intoxicação.

    Dipirona Sódica (analgésico e antitérmico) - Pode causar alergias e alterações sanguíneas que podem levar à hospitalização e até à morte.

    Ácido acetilsalicílico (AAS – analgésico e anti-inflamatório) - Náuseas, vômitos, diarreia, dor de estômago, gastrite, hemorragia gástrica e urticárias. O uso prolongado e em dose excessiva pode predispor a danos renais. Pode induzir crises em pacientes com asma e alergias. (Fonte: CRF-SP)

“Kit ressaca”

Outro alerta importante do conselho é sobre a prática ilegal de algumas farmácias que colocam à venda os chamados “kits ressaca”. Trata-se de uma embalagem contendo vários medicamentos misturados. Este tipo de ação é proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pode gerar muitos problemas (veja box).

Já a hepatologista Débora Dourado, do Hospital e Maternidade São Luiz, afirma que os hepaprotetores (remédios que protegem o fígado), e que são vendidos livremente em drogarias, não trazem nenhum benefício: “Nem mesmo o efeito protetor foi definitivamente confirmado”.

Uma confusão comum cometida pelas pessoas é associar os sintomas da ressaca como enjoo, mal-estar e dor de cabeça ao fígado.  A médica esclarece: “Na verdade, são relacionados principalmente com estômago e com o sistema nervoso central (cérebro). Existe a hepatite alcoólica aguda, mas é uma situação muito grave que requer internação em UTI e pode até provocar a morte da pessoa”.

Tomar algum tipo de medicação logo após beber pensando em evitar a ressaca pode até piorar a situação. A hepatologista lembra que alguns medicamentos contêm analgésico tipo anti-inflamatório, o que pode agredir ainda mais o estômago. “Melhor tomar apenas se tiver dor de cabeça”, recomenda.

Receitas caseiras

Já o chá de boldo, uma clássica recomendação que faz parte da sabedoria popular, traz, sim, alguns benefícios, segundo a médica: “Ele ajuda no esvaziamento gástrico, então, os sintomas de má digestão e enjoo  melhoram  após sua ingestão. Algumas outras receitas caseiras, como suco de couve, por exemplo, funcionam como antiácidos e ajudam no caso de certos sintomas gástricos”.

Nos EUA é comum as pessoas usarem suplementos vitamínicos (como vitamina C) contra a ressaca. Mas eles teriam este poder de ajudar a desintoxicar o organismo?  “Nunca li nenhum estudo relacionando vitaminas e a diminuição da ressaca”, afirma a médica, acrescentando: “Com relação ao estômago e sintomas como dor na barriga e náuseas, não há nenhum benefício. Teoricamente, o mesmo vale para os sintomas neurológicos, como dor de cabeça”.