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Mulher recebe e doa fígado ao mesmo tempo em transplante em Pernambuco

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

06/08/2014 18h20

Uma técnica cirúrgica de transplante de fígado desenvolvida em Pernambuco salvou a vida de duas pessoas de uma só vez. Com uma doença rara que só se me manifesta, em média, após os 30 anos idade, Andrea Cavalcanti, 44, era a primeira da fila para receber um fígado novo em Pernambuco.

No dia 29 de julho, ela foi chamada para receber um novo órgão de um doador que acabara de morrer. Em vez de os médicos descartarem o fígado de Andrea no lixo do hospital, o órgão foi utilizado e salvou a vida de Horácio Calil, 64, segundo na fila de espera. Eles tiveram alta nesta quarta-feira (6) e se encontraram para se abraçar em celebração à vida.

Segundo o médico e coordenador da equipe de transplante, Cláudio Lacerda, essa foi a oitava cirurgia utilizando tal técnica de transplante de fígado no Recife. Ele conta que a técnica foi criada pelos médicos da unidade de transplante do hospital Jayme da Fonte, onde foi realizada a cirurgia.

"O fígado da paciente tem uma pequena deficiência enzimática congênita, que só se manifesta 30 anos depois que a pessoa nasce ou recebe o órgão. Até lá, ele garante a saúde a uma pessoa. Colocando esse fígado em um homem de 64 anos, como foi o caso, estamos garantindo a saúde dele até os 94 anos", explicou.

Sem o órgão, Calil teria baixíssima expectativa de vida. "Ele tinha uma doença chamada colangite esclerosante, na qual o próprio organismo destrói os canais biliares. Isso leva a morte rapidamente, às vezes em meses", contou.

O médica explica que, por já ter 44 anos, Cavalcanti já apresentava sintomas da doença congênita, que causa alterações de mobilidade nos membros inferiores. “Ela precisava de um novo fígado, não tinha jeito. E o dela vai servir bem para o paciente. Não colocaríamos esse fígado em um paciente com 20 anos de idade, pois ele apresentaria problemas aos 50”, disse.

Ao todo foram cinco procedimentos, que duraram 15 horas e envolveram 22 profissionais. Tudo começou com a retirada do órgão de um doador morto em Natal (RN). Em seguida houve o procedimento de preparo já no Recife. A terceira cirurgia foi a retirada do fígado da paciente viva e inserção do novo órgão. Depois foi feito o preparo do novo fígado e, em seguida, a inserção no corpo do paciente receptor.

Com os transplantes, a expectativa é que os dois pacientes tenham uma vida normal, com sobrevida de uma pessoa saudável. “Eles devem tomar os devidos cuidados de qualquer transplantado, mas sem qualquer problema”, comemorou Lacerda.