Morales acusa Arce de ter mentido sobre golpe fracassado na Bolívia

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou, neste domingo (30), o presidente Luis Arce, seu ex-aliado, de ter mentido para o mundo sobre o plano militar frustrado para derrubá-lo e afirmou que, na verdade, poderia ter sido "um autogolpe".

"Pensei que fosse um golpe, mas agora estou confuso: parece que foi um autogolpe", disse Morales em seu programa de rádio dominical transmitido do departamento de Cochabamba.

Morales foi um dos primeiros a alertar em suas redes sociais sobre o levante armado na última quarta-feira, quando tropas com tanques, lideradas pelo ex-comandante do Exército Juan José Zúñiga, cercaram o palácio presidencial.

Mas "sinto, não sei se estou errado, que Lucho desrespeitou a verdade; ele nos enganou, mentiu, não apenas para o povo boliviano, mas para o mundo inteiro", acrescentou o influente líder indígena em referência a Arce.

Na sexta-feira, Morales já havia questionado a versão oficial dos planos golpistas de Zúñiga, mas dessa vez ele se desvinculou completamente do governo do homem que foi seu ministro da Fazenda durante os quase 14 anos em que esteve no poder (2006-2019).

Os dois líderes estão disputando a liderança dentro do partido governista, com vistas à indicação para as eleições presidenciais de 2025.

Neste domingo, Morales garantiu que recebeu informações que o estão "convencendo" de que, na realidade, "foi um autogolpe".

De acordo com o ex-presidente, ele soube por fontes do ministério que Arce deixaria a presidência nas mãos de uma "junta militar" para evitar que "Evo voltasse a ser presidente".

Morales também questionou por que Arce, substituindo o deposto Zúñiga, nomeou o general José Sánchez como chefe do Exército, quando este último "participou do planejamento do golpe ou autogolpe".

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No momento de sua captura, o ex-comandante do Exército disse que o próprio Arce lhe pediu para "preparar algo" para aumentar sua popularidade, o que foi negado pelo presidente boliviano, que assumiu o cargo em 2020 para um mandato de cinco anos.

O governo prendeu 21 militares ativos, da reserva e civis por causa do levante militar, incluindo os três ex-comandantes das Forças armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha).

De acordo com Arce, 14 civis foram feridos à bala pelos soldados que ocuparam a praça onde está localizada a sede presidencial, da qual se retiraram após algumas horas sem nenhum confronto com as forças leais ao governo.

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