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Casos de dengue aumentam 150% em Marília (SP) e chegam a 5.811

Fernando Zamora/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Fernando Zamora/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

05/03/2015 16h12

Em apenas dois meses, o município de Marília (438 quilômetros de São Paulo) registrou 5.811 casos de dengue, o que significa um aumento de 150% em relação a todo o ano passado, quando foram contabilizados 2.324 casos. Nos dois primeiros meses de 2014, foram apenas 19 casos confirmados. Anualmente, os números vêm subindo significativamente. Em 2013, foram 507 casos confirmados, enquanto em 2012, apenas 27 pessoas adoeceram por dengue na cidade.

Para o médico epidemiologista e coordenador do Programa Municipal do Controle da Dengue de Campinas, André Ribas Freitas, a explicação mais plausível para o avanço da doença no interior paulista está ligada ao clima. “Temperaturas elevadas facilitam a reprodução do Aedes aegypti -- mosquito transmissor da dengue -- e a multiplicação do vírus. Aqui no interior de São Paulo, o fim de 2014 e o início de 2015 registraram temperaturas extremamente altas, o que facilitou o aumento da população do mosquito”, afirmou.

De acordo com o especialista, um único mosquito fêmea pica no mínimo dez pessoas e no máximo 50, ao longo dos seus 40 dias de vida.

Segundo a prefeitura de Marília, várias medidas têm sido tomadas para tentar conter o avanço da doença e para tratar os doentes. Uma unidade foi montada no centro da cidade para tratar pacientes que apresentam os sintomas. Com capacidade para 120 pessoas, o espaço tem como objetivo desafogar as unidades de saúde e pronto-atendimento. Outra medida, além de mutirões de visitas e nebulização, é a aplicação de multa de R$ 180 a R$ 720 para moradores que mantêm focos do mosquito transmissor em casa e de R$ 1 mil a R$ 5 mil para residências fechadas com criadouros.

A população está apreensiva, principalmente em relação às mortes causadas pela dengue. Para Freitas, o aumento nos casos graves da doença é proporcional ao aumento no número de casos. “Conforme aumentam os casos, é normal que os casos graves também cresçam, proporcionalmente”, afirmou. O médico ressaltou que, aos primeiros sintomas da doença, é fundamental procurar um hospital e iniciar a hidratação.

A prefeitura confirma apenas quatro mortes, mas ao menos 13 óbitos decorrentes da doença já foram atestados por hospitais da cidade. Uma das mortes que mais chamou a atenção foi a do adolescente João Renato Mendes Neto, 14, que morreu por complicações da dengue D, a forma mais grave da doença. Segundo a família, o adolescente morreu 30 horas após o surgimento dos primeiros sintomas: vômito, febre alta e dores no corpo.

A morte do garoto completa 15 dias hoje e o pai dele, Fabiano Campanari Mendes, 36, ainda não consegue entender a perda do único filho. “Ainda não conseguimos digerir. É bem difícil aceitar que um jovem em plena vitalidade tenha sido vítima da irresponsabilidade não só da prefeitura, mas também da própria população. Quantas mortes terão de acontecer para a população acordar”, desabafou.

Em 2014, a região de Marília confirmou 4.621 casos de dengue, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. Em todo o Estado, foram registrados 193.636 casos. O órgão ainda não tem dados deste ano disponíveis.

Já o Ministério da Saúde registrou 40.916 casos notificados de dengue em todo o país em janeiro deste ano, o que significa um aumento de 57,2% se comparado com o mesmo período do ano passado, quando 26.017 casos foram notificados. Por outro lado, os números preliminares de mortes, casos graves, além da nova denominação "dengue com sinais de alarme" apresentaram queda. Os 77 casos de dengue com sinais de alarme -- quando a doença tem maior chance de se agravar -- representam um número 80,8% menor que os 402 registrados em janeiro de 2014.

Ainda segundo o ministério, nos casos graves, a redução foi de 71,42%, caindo de 49 -- em 2014 -- para 14, em 2015. A queda nos óbitos foi 83,7% (37, em 2014, para seis mortes, em 2015).