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Erros na divisão do DNA de células normais originam câncer, aponta estudo

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Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 15h00

Diversos estudos apontam como causas de câncer a má alimentação, a hereditariedade e o meio ambiente. Mas segundo uma pesquisa publicada pela revista Science existe outra fonte para esse problema.

Pesquisadores analisaram o sequenciamento do genoma e dados epidemiológicos de 32 tipos de câncer e concluíram que quase dois terços das mutações nesses cânceres são atribuíveis a erros aleatórios no DNA que ocorrem naturalmente em células saudáveis, durante a divisão e replicação do genoma.

Em uma segunda análise, incluindo dados de 69 países de seis continentes, os cientistas da Universidade Johns Hopkins descobriram que existe uma alta correlação entre a incidência de câncer e o número total de divisões de células-tronco normais.

Para fazer essa avaliação, Tomasetti e Vogelstein utilizaram 423 bancos de dados internacionais sobre câncer, analisando dados publicados sobre as divisões de células-tronco em diferentes tecidos humanos e comparando os dados com a incidência ao longo da vida de 17 tipos de câncer.

Em janeiro de 2015, uma pesquisa também afirmou que a razão de alguns tecidos do corpo serem milhões de vezes mais vulneráveis ao câncer do que outros está relacionada ao número de vezes que uma célula se divide.

De acordo com os pesquisadores, os resultados da pesquisa mostram a importância em focar também no que eles chamam de prevenção secundária (detecção precoce e intervenção precoce). Segundo os cientistas, para esse tipo de câncer causados por mutações a prevenção secundária seria a única opção.

Para os cânceres em que apenas uma pequena porcentagem de mutações aconteceram por erros aleatórios de replicação do DNA, a prevenção primária (que visa minimizar as exposições ambientais e hábitos nocivos a saúde) continuará a ser a forma mais eficaz de reduzir as mortes pela doença.

Os cientistas enfatizam que os resultados de seu estudo são totalmente consistentes com evidências epidemiológicas sobre o número de cânceres nos países desenvolvidos que são potencialmente evitáveis através de melhorias no ambiente e estilo de vida.

A Câncer Research UK, por exemplo, estima que 42% dos casos da doença são evitáveis, enquanto os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos calculam que 21% das mortes anuais por câncer podem ser evitadas.