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Se o músculo dói, é porque o exercício fez efeito?

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Imagem: ThinkStock

Marcelle Souza

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/01/2018 04h00

Você decide cumprir aquela resolução de Ano Novo e, enfim, volta para a academia. O problema é que, no dia seguinte, cada músculo do seu corpo lembra do esforço do novo treino. Você quase desanima, mas pensa que esse pode ser um bom sinal. Será mesmo? Essa dorzinha significa mesmo que o exercício fez efeito? E quando você não sente nada, será que o seu corpo acostumou e não está valendo nada as horas de treinamento durante a semana?

"Essa dor acontece toda vez que a gente vai fazer um esforço que não está acostumado, que provoca micro lesões na musculatura, gerando pequenos processos inflamatórios", afirma o médico Ivan Pacheco, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Isso acontece quando você começa a praticar um esporte, muda de treino na academia ou aumenta a carga de algum aparelho, por exemplo.

Esse processo é chamado de dor tardia e costuma dar os seus primeiros sinais algumas horas após a prática do exercício. Com descanso e boa alimentação, em um ou dois dias o incômodo tende a desaparecer.

A longo prazo e com uma prática regular, esse processo inflamatório do músculo costuma ser menos recorrente. Por isso, diz o médico, o sucesso do exercício não está relacionado necessariamente à dor. "Se a pessoa vem fazendo um trabalho progressivo, controlado, nem sempre vai sentir dor nas mudanças de carga", afirma.

Para que isso ocorra, no entanto, é importante ainda manter uma boa alimentação, dormir bem e realizar a prática sempre sob supervisão de um especialista. Além disso, só pagar a academia, sem frequentá-la, não ajuda a reduzir o incômodo.

"Se o indivíduo não realiza o exercício de forma sistemática, a percepção de dor tende a ser continuamente associada ao efeito do exercício", diz Aline de Freitas Brito, professora da Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco.

Descansar grupos musculares em dias alternados, por exemplo, é uma boa dica para evitar sobrecarga e problemas no dia seguinte. Na alimentação, Pacheco indica o consumo regular de proteínas, importantes na reconstrução muscular, e de carboidratos, componentes usados pelos músculos como forma de energia para realizar as contrações em cada movimento.

A professora da Universidade de Pernambuco diz ainda que alguns compostos antioxidantes naturais ou sintéticos podem ajudar a evitar a dor após a prática de um exercício, entre eles sucos de uva, algas como Spirulina, vitamina E, vitamina C, albumina e creatina.

Em alguns casos, porém, o incômodo muscular pode significar uma lesão. Segundo o médico, ela se diferencia da dor tardia de duas formas: quando ocorre na hora da execução do movimento ou se demora bem mais do que um ou dois dias para passar. "Nesse caso, é preciso investigar", diz Pacheco.

Alguns comportamentos, segundo a professora da UPE, também podem ser sinal de que há algo errado. "A presença constante de dor e de duração prolongada pode ser perturbadora e acarreta alterações nas atividades físicas cotidianas, podendo ser facilmente observada em mudanças no padrão do sono, modificações no humor, baixa autoestima, perda de vontade de realizar atividades familiares, de trabalho e de lazer", diz Brito. Então, se nem descanso nem boa alimentação adiantarem, vale a pena procurar um médico.