Topo

Roraima registra 5.750 casos de malária em 2018; OMS faz alerta

Foto: Portal Biologia/Divulgação
Imagem: Foto: Portal Biologia/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

26/04/2018 11h57

A Secretaria de Saúde de Roraima confirmou 5.750 casos de malária em todo o estado no período de 1º de janeiro a 30 de março deste ano. Deste total, 2.040 são importados de outras unidades federativas ou de outros países.

Na semana passada, a pasta havia informado que grande parte dos casos de malária notificados no estado é proveniente da Venezuela. "Os dados são preocupantes e o estado tem intensificado ações para combater a doença", informou a secretaria, por meio de nota.

Em 2016, foram registradas quase 9 mil casos de malária em Roraima enquanto, em 2017, o número subiu para mais de 14 mil notificações.

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que, em 2017, mais de 400 mil casos foram registrados no país, quase dez vezes mais que no início da década. Para a entidade, essa realidade já é uma ameaça ao Brasil, diante do fluxo de refugiados e imigrantes que poderia provocar uma nova onda de transmissão.

Em 2017, além do Brasil, Equador, México, Nicarágua e Venezuela notificaram uma elevação do número de infecções, de acordo com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).

Na última terça-feira (17), diante do aumento expressivo de casos, foi promovido em Roraima um encontro para treinamento de agentes de endemias, secretários municipais, profissionais da atenção básica, microscopistas e bioquímicos. A proposta foi discutir ações para melhorar o diagnóstico, tratamento e controle da doença nos 15 municípios do estado.

Região Norte tem alta da doença

No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região amazônica, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia, Roraima e do Tocantins.

No ano passado, o número de infecções na região chegou a quase 175 mil, um aumento de 48% em relação ao ano anterior. Vinte e quatro pessoas morreram na Amazônia em 2017 após contrair malária.

No Amazonas, segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde, quase 19 mil casos de malária foram registrados no primeiro trimestre - um aumento de 34,33% em relação ao mesmo período do ano passado.

"A gente tem a questão de Roraima que concentra mais de 70% da malária em três municípios. Tem a questão do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa. Tem a questão da malária em área indígena também. Estamos sempre discutindo como aplicar a melhor estratégia para a retomada da redução e prontos a pensar na eliminação da malária no país," diz Cássio Peterka, coordenador do Programa Nacional de Controle e Prevenção da doença.

Para quem esteve em áreas onde há circulação de malária nos últimos seis meses, a orientação é contar o fato a um profissional de saúde. "E, antes de ir para uma área que tem malária, procure orientação sobre prevenção", informou o ministério.

Ocupação desordenada

O chefe do Departamento de Vigilância Ambiental do Amazonas, Cristiano Fernandes, afirma que a ocupação desordenada em área urbana tem facilitado o contato da população com as fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, os vetores da malária. O grande desafio é o diagnóstico precoce, já que não existe vacina, mas há tratamento para a doença.

"A gente tem adotado essa semana para mobilizar principalmente os gestores dos municípios para a necessidade de intensificação das ações de vigilância, prevenção e controle da doença. Lembrando que essas ações são feitas durante todo o ano," disse ele.

Não há vacina, mas há tratamento

De acordo com o Ministério da Saúde, a malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. A cura é possível se o quadro for tratado em tempo oportuno e de forma adequada, podendo evoluir para forma grave e para óbito.

Os sintomas incluem febre, dor de cabeça ou no corpo, náuseas, calafrios e muito suor. O tratamento depende de fatores como a espécie do protozoário infectante; a idade do paciente; condições associadas, como gravidez; e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.