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Coronavírus: Bolsonaro pede que manifestações do dia 15 sejam adiadas

Do UOL, em São Paulo

12/03/2020 19h04Atualizada em 12/03/2020 23h01

Usando uma máscara em sua live semanal no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu para que as manifestações marcadas para o domingo, dia 15 de março, sejam adiadas. Ele estava ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e de uma intérprete de Libras, que também utilizavam máscaras.

O presidente desencorajou a população a ir às ruas no domingo e considerou que as manifestações devem ser adiadas para outro momento, "para daqui a um ou dois meses". "É mais um agrupamento de pessoas. O pessoal fica apavorado, a gente faz depois. Foi dado um tremendo recado para o parlamento."

"Esse movimento não fui eu que programei, é um movimento popular espontâneo. Reconhecemos a legitimidade do movimento. E o povo na rua, como sempre se manifestou, de forma pacífica, é direito dele. Obviamente, da minha parte, ninguém pode atacar parlamento, legislativo e judiciário", frisou Bolsonaro.

O presidente explicou por que considera que as manifestações de domingo devem ser adiadas.

"Devemos evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas, porque os hospitais não dariam vazão a atender tanta gente. Se o governo não tomar nenhuma providência, o sistema não suporta. E problemas acontecem. Acaba morrendo gente por outro motivo e vão dizer que é o coronavírus. Como presidente da República, tenho que tomar uma posição. Se bem que o movimento não é meu, é espontâneo e popular."

Discurso em rede nacional

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante pronunciamento em rede nacional - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante pronunciamento em rede nacional
Imagem: Reprodução/Twitter

Na sequência, o presidente pediu novamente, em discurso transmitido para a TV e rádio, para que as manifestações do dia 15 sejam adiadas. "Os movimentos espontâneos e legítimos atentem aos interesses da nação. Demonstram o amadurecimento da nossa democracia. Precisam, no entanto, ser repensados. Nossa saúde e de nossos familiares devem ser preservadas."

"O momento é de união, serenidade e bom senso. Não podemos esquecer, no entanto, que o Brasil mudou. O povo está atento e exige de nós respeito à Constituição e zelo pelo dinheiro público. Por isso, as motivações da necessidade popular continuam vivas e inabaláveis", completou o presidente no discurso.

Bolsonaro ainda afirmou que o governo está atento ao coronavírus e que é provável que o número de infectados no Brasil aumente nos próximos dias, porém, "sem ser motivo de qualquer pânico".

Presidente aguarda resultado de teste

Muitas pessoas comentaram durante a live no Facebook sobre Bolsonaro ter aparecido de máscara. "Estou usando porque na recente viagem que fizemos para os Estados Unidos, uma das pessoas que veio comigo no voo, quando desceu em São Paulo, fez exames e deu positivo [para o coronavírus]", justificou o presidente. Ele e o ministro Mandetta falaram sobre os cuidados básicos que a população deve ter para prevenir a contaminação pelo vírus. O presidente chegou a passar álcool gel durante a live.

"Todos que estiveram no voo coletaram [sangue para o teste] e ainda não tem resultado. Nas próximas horas deve sair o resultado", completou. Até a conclusão do exame, a recomendação é o presidente permanecer no Palácio do Alvorada.

"Um homem de 64 anos, que tem o sistema imunológico forte, tem que manter o cuidado por conta das outras pessoas. Se der positivo, vai ter que despachar daqui, a gente vai recomendar o isolamento domiciliar. Se não der positivo, ou der outro vírus, a gente libera", disse o ministro da Saúde. Bolsonaro completa 65 anos no próximo dia 21.

Bolsonaro passou a ser monitorado após a confirmação de que o chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, está com covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

O filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também realizou um teste na tarde de hoje. Ele disse que está "sem sintomas", mas fará o exame por precaução.

O presidente não apresentou, até o momento, sintomas do coronavírus, de acordo com o ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto. Ele já realizou os exames para saber se foi infectado e está sendo monitorado.

"Está tudo sob controle, temos acompanhado e observado. Vai sair o resultado (do exame) e vamos informar assim que sair, mas por enquanto ele não teve sintomas ainda", declarou ao UOL.

Wajngarten e Bolsonaro estiveram nos EUA

O secretário de Comunicação fez o primeiro teste ontem, em um hospital de São Paulo. A contraprova confirmou a doença.

Bolsonaro, Wajngarten e outros ministros estiveram ao longo de quatro dias nos Estados Unidos em uma viagem que teve encontros com empresários em Miami e com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Fabio Wajngarten ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump - Reprodução - Reprodução
Fabio Wajngarten (dir.) ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump
Imagem: Reprodução

O secretário postou um encontro ao lado de Trump e do vice dos EUA, Mike Pence. Na imagem, Wajngarten usa um boné com a expressão "Make Brazil Great Again". A comitiva voltou ao Brasil na terça-feira (10).

Outro ministro, que acompanhou Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos, general Fernando Azevedo e Silva (Defesa) também está em observação em casa, sem sintomas.