Temendo carência, sociedade médica pede reutilização de máscara por 15 dias
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
20/03/2020 13h04Atualizada em 20/03/2020 13h22
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia enviou uma nota técnica aos profissionais da área recomendando a reutilização de máscaras por conta da provável falta desse material em breve por conta da pandemia do coronavírus.
"Dada à possibilidade de escassez ou desabastecimento de máscaras N-95 em alguns serviços, sugere-se que, nessas situações, profissionais da área de saúde em contato com pacientes com covid-19, ou casos suspeitos, utilizem as máscaras N95 com uma máscara cirúrgica sobreposta à mesma e de uso único, afirma o texto encaminhado ontem.
"Esta máscara cirúrgica deve ser retirada e descartada a cada atendimento e a N95 acondicionada em um saco plástico vedado e identificado, podendo assim ser reutilizada enquanto estiver em bom estado de conservação, por no máximo 15 dias, sendo posteriormente descartada. Vale ressaltar que esta sugestão baseia-se apenas na opinião de especialistas, carecendo ainda de comprovação por estudos científicos adequados", diz a nota.
No caso de indisponibilidade de máscaras N95, a entidade orienta que deverão ser utilizadas máscaras cirúrgicas de uso único.
A medida, apesar de ser apontada como importante para garantir o suprimento durante toda crise, é vista como algo inédito.
"Chega a ser um improviso, porque é uma atitude nunca tomada anteriormente. A máscara N95 sempre foi recomendada para ser usada sozinha, e não colocar nenhuma máscara por cima dela", explica a enfermeira especialista em infectologia e doutora em Ciências da Saúde , Aracele Cavalcanti.
"Durante os casos do H1N1 a gente descartava a máscara ao término do plantão. Agora, eles recomendam que essa mesma ser usada com uma máscara cirúrgica por cima desta, coisa que antes não era recomendação de segurança", completa.
Ela explica que a máscara N95 tem um sistema de filtro para partículas muito pequenas. "Então ela protege o profissional de saúde contra contaminação por aerossol, que são micropartículas, bem menores que gotículas que são dispensadas no ambiente quando vai aspirar o doente, em procedimentos invasivos respiratórios, principalmente no contato próximo", explica.