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MP-RJ nega que R$ 8,5 mi estivessem em imóvel de ex-secretário

Parte do dinheiro apreendido pelo Ministério Público do Rio na operação de sexta-feira  - Divulgação/MP-RJ
Parte do dinheiro apreendido pelo Ministério Público do Rio na operação de sexta-feira Imagem: Divulgação/MP-RJ

Do UOL, no Rio

11/07/2020 21h17

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) negou que os R$ 8,5 milhões apreendidos ontem em operação que prendeu o ex-secretário da Saúde Edmar Santos estivessem em imóvel de Itaipava (região serrana do Rio), alvo de busca e apreensão, ligado a ele. "O MPRJ descarta a informação de que os valores tenham sido apreendidos no imóvel de Itaipava e informa que os valores foram entregues espontaneamente por um investigado", informou o órgão em nota na noite de hoje.

O órgão se recusou contudo a revelar onde a quantia foi apreendida. "Algumas informações não podem ser reveladas no momento sob pena de prejudicar diligências em curso. Isso inclui qualquer informação em relação ao local onde foi apreendido o dinheiro", justificou. Uma fonte que participou da operação disse ontem à reportagem que o dinheiro fora apreendido em uma casa do ex-secretário —a versão foi reafirmada por ela hoje. A defesa de Edmar negou que a vultosa quantia tenha sido apreendida em endereço do ex-secretário.

Ainda com as diligências em curso, uma fonte envolvida na operação afirmou ao UOL que a quantia havia sido encontrada em uma casa de Edmar Santos em Itaipava, distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio. Em nota, o MP-RJ afirmou hoje que os valores foram entregues "espontaneamente por um dos investigados, que estava acompanhado de seu advogado" sem contudo informar onde o dinheiro fora apreendido.

Porém, a fonte mantém a versão de que a apreensão foi feita na casa de Edmar. Para esclarecer a divergência de informações, o UOL questionou oficialmente o MP-RJ se os recursos tinham sido ou não encontrados nos endereços do ex-secretário —além da casa em Itaipava, os investigadores também estiveram em sua residência em Botafogo, zona sul do Rio, onde ele foi preso. O órgão então informou descartar a apreensão no imóvel de Itaipava.

Dinheiro apreendido pelo MP-RJ em operação que prendeu Edmar Santos - Divulgação/MP-RJ - Divulgação/MP-RJ
11.jul.2020 - Dinheiro apreendido pelo MP-RJ em operação que prendeu Edmar Santos
Imagem: Divulgação/MP-RJ

Em nota, a defesa de Edmar negou que o dinheiro tenha sido encontrado em posse do ex-secretário. "A quantia em espécie amplamente divulgada pela mídia não foi encontrada em nenhum dos endereços do cliente", disse o advogado.

Ainda segundo a defesa, o dinheiro não consta nos documentos relacionados às buscas feitas nos dois endereços de Edmar Santos. "Tanto é assim que nos termos de arrecadação (lista de bens apreendidos) das duas residências de Edmar - as únicas referidas na decisão da 1ª Vara Especializada Criminal - não consta a apreensão desses valores", diz a defesa, por meio de nota.

Às 21h51 de sexta-feira (10), o MP-RJ publicou uma nota sobre a operação, na qual dizia ter encontrado apenas R$ 5.000 nas casas de Edmar Santos. O texto não esclarecia as circunstâncias em que os R$ 8,5 milhões tinham sido achados.

O comunicado disse ainda que, dos R$ 8,5 milhões apreendidos, havia cerca de R$ 7 milhões em moeda nacional. O restante do montante estava em moedas estrangeiras, como dólares, euros e libras esterlinas. Foi necessário o reforço de equipamentos e de um funcionário do Banco do Brasil para realizar a contagem do dinheiro, que só terminou na madrugada deste sábado.

A operação é um desdobramento da Operação Mercadores do Caos, na qual promotores do Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção) investigam um possível esquema de corrupção em compras emergenciais da SES (Secretaria Estadual de Saúde) para a contenção da pandemia de covid-19. A investigação encontrou irregularidades em três contratos sem licitação para a compra de respiradores, que somam R$ 180 milhões.

Na primeira fase, no começo de maio, foi preso Gabriell Neves, ex-subsecretário executivo de Saúde e braço direito de Edmar Santos. Em desdobramentos também foram presos empresários ligados ao suposto esquema.