Alta de casos de covid põe Amazonas por 6 meses em estado de calamidade
Rosiene Carvalho
Colaboração para o UOL, em Manaus
06/01/2021 23h56
O governo do Amazonas decretou estado de calamidade pública pelos próximos seis meses. Já a Prefeitura de Manaus publicou um decreto de "situação anormal caracterizada como emergencial" também por um semestre.
Ambos os decretos dão condições de contratar funcionários e serviços e realizar compras em condições especiais em função do novo coronavírus.
O Amazonas passa por uma segunda onda de contágios após um início de pandemia em que o sistema de saúde e funerário colapsaram, em abril do ano passado.
A nova explosão de casos e internações por covid-19 fez sucumbir, além das unidades públicas, as particulares. Nesta quarta-feira, quem procurou atendimento em UPAs nos bairros periféricos de Manaus e em pronto-socorros de unidades particulares encontrou as portas fechadas, sob a alegação de falta de vagas.
O coronavírus provocou também novo aumento no número de enterros na cidade. Na terça-feira, foram registrados 91 sepultamentos em Manaus. Nesta quarta-feira, 110. A média, antes da pandemia, era de 33 enterros diários.
Dos 110 enterros desta quarta, 19 são de pessoas que morreram em casa num momento em que os hospitais estão lotados, a taxa de ocupação de UTI passa de 90% e pacientes voltam para casa sem atendimento. A prefeitura não divulga em detalhes a causa das mortes em domicílio.
O decreto estadual põe sua validade retroativamente desde 1º de janeiro.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, o vice-governador e outros secretários são investigados pela compra de respiradores superfaturados e inúteis para o combate à covid-19. A investigação foi requerida pela Subprocuradoria da República dois dias após reportagem do UOL.
Em dezembro, o governo do Amazonas usou estado de calamidade para contratar, sem licitação, a montagem de uma árvore de natal no centro da capital por R$ 1,5 milhão.
A contratação, segundo denúncia de deputados de oposição, feria o decreto do próprio governo que suspendia gastos com esporte e lazer, enquanto perdurasse a situação de emergência em função da pandemia.
Lima justificou que era uma forma de ajudar os artistas amazonenses em dificuldades com a pandemia.