Com mais casos de covid, número de enterros volta a dobrar em Manaus
Com uma nova alta nos casos e mortes por causa do novo coronavírus no estado do Amazonas, os números de enterros em Manaus mais que dobraram em dezembro e continuam altos neste início de ano. Foram 76 no sábado (2), 72 no domingo (3), e 66 na segunda-feira (4).
A média, antes da pandemia do novo coronavírus, segundo a prefeitura, era de 33 sepultamentos. Ontem, dos 66 enterros, 29 tinham recebido diagnóstico de covid-19.
Nos últimos dois dias, a capital do Amazonas bateu recorde por internações por causa da doença em 24 horas. Entre domingo e segunda, foram 183. No dia anterior, tinham sido 177. Antes, o maior registro havia sido de 168 pessoas, no começo de maio, quando o sistema de saúde do Amazonas entrou em colapso e o estado registrou pico de casos e mortes.
Em todo o estado, 1.515 pessoas permaneciam internadas até ontem. O índice de ocupação de leitos de UTI na rede pública chegou a 92,18% e, na rede privada, a 94%.
Antes disso, o número máximo de pacientes internados foi de 1.438, também em maio. Na ocasião, o Amazonas contava com dois hospitais de campanha e registrou cenas dramáticas de cadáveres ao lado de pacientes, respiradores improvisados com sacos plásticos e enterros em valas comuns.
Ontem, representantes do Ministério da Saúde e do governo do Amazonas se reuniram para discutir medidas de combate ao novo coronavírus. O estado pediu reforço no quadro de profissionais.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), informou que recebeu mais de 50 respiradores e 80 monitores por meio do governo federal, que ajudaram na ampliação de leitos, e que nos próximos dias deve receber mais 78 respiradores para auxiliar na abertura de novas vagas nos hospitais para atendimento de pacientes mais graves.
Em setembro, o estado contava com 90 leitos de UTI destinados a pacientes infectados com covid-19. No último trimestre do ano, sem retroceder na reabertura, o estado ampliou em 128% o número de vagas em UTI.
A maior ampliação ocorreu, segundo a SES (Secretaria de Estado de Saúde), nos últimos dez dias: foram mais de 400 leitos, sendo 90 de UTIs em cinco unidades de saúde para atendimento de pacientes covid-19. Ainda assim, a situação permanece crítica.
Fase roxa do plano de combate à covid-19
Com o aumento nos números da covid-19, o estado do Amazonas entrou nesta semana na última e considerada mais grave fase do plano de combate ao covid-19 —a fase roxa. O governo afirma que ampliou o número de leitos para covid ao longo das cinco fases anteriores, mas faltam recursos humanos.
"Hoje temos a possibilidade de aumentar mais 60 leitos de UTI e estamos avaliando essa perspectiva com o ministério porque nossa dificuldade são os profissionais de saúde. Estamos discutindo isso com os técnicos do ministério", disse o secretário estadual da Saúde, Marcelus Campelus, na reunião com o Ministério da Saúde.
Representando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou que o Amazonas terá uma "sucursal" da pasta, para dar apoio às ações do estado e da Prefeitura de Manaus.
No encontro, ela recomendou o uso de forma preventiva da cloroquina aos pacientes, afirmando que o Ministério da Saúde irá garantir o medicamento, e criticou a imprensa.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende o uso da cloroquina, mas a eficácia não foi comprovada cientificamente. Dois ex-ministros da Saúde discordaram da medida e saíram do governo.
Com hospitais superlotados no Amazonas, profissionais da saúde se dizem sobrecarregados e há relatos de pessoas que deixam as unidades de saúde sem conseguir atendimento.
O último boletim epidemiológico da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), divulgado na semana passada, descreve o quadro da Saúde do Amazonas com "esgotamento de leitos", previsão de "desassistência de pacientes" em relação à covid-19 e outras doenças e "risco generalizado" de novas infecções em todos os municípios do estado.
Festas de fim de ano e relaxamento das medidas de prevenção
Segundo a FVS, a explosão de casos é consequência das festas de fim de ano e do relaxamento das medidas de prevenção à doença.
Às vésperas do Natal, o governo do Amazonas decretou, por recomendação da vigilância, a restrição de circulação, autorizando apenas o funcionamento de comércio e serviços essenciais. Houve protesto contra a medida.
Fragilizado pela baixa aprovação da população e com minoria na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), Wilson Lima voltou atrás no decreto para acalmar os ânimos.
No último fim de semana, entretanto, atendendo a um pedido do MP-AM (Ministério Público do Estado do Amazonas), um juiz de primeiro grau e depois um desembargador do TJ-AM (Tribunal de Justiça do Amazonas) determinaram o fechamento do comércio não-essencial por 15 dias. O governo atendeu sem questionamentos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.