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Com delta, RJ vê fila de internações por covid triplicar em apenas 4 dias

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Imagem: iStock

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

14/08/2021 04h00

O estado do Rio de Janeiro teve neste mês uma disparada na fila por leitos para doentes com covid-19. Entre os dias 8 e 12, o número de pessoas à espera de leito (de UTI ou enfermaria) subiu de 54 para 152, quase três vezes. Trata-se da maior fila para internação em três meses.

Diante do avanço da variante delta do coronavírus, a central de regulação de leitos alertou para a necessidade de se abrir mais vagas de internação em um dos hospitais da rede estadual, que atende a Baixada Fluminense. O pedido consta em documento interno da SES (Secretaria de Estado de Saúde) obtido pelo UOL.

Ao UOL, o secretário de Saúde, Alexandre Chieppe, reconheceu que há um "aumento significativo", mas disse que não faltam leitos. Na quinta-feira (12), última data disponível, houve 125 pedidos de transferência para a rede estadual.

Temos um plano de contingência bem desenhado e o número de leitos segue o cenário epidemiológico. O número oscila e, nesse momento, aumenta, mas não há falta de leitos."
Alexandre Chieppe, secretário de saúde do Rio de Janeiro

No documento, a central de regulação classifica a cidade do Rio como "epicentro" da variante delta.

Com o aumento das solicitações, foi feito um pedido de abertura de leitos para covid-19 no Hospital Estadual Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, que poderia atender moradores da Baixada Fluminense. O secretário disse que isso "está sendo avaliado".

Dois índices medem a movimentação nos hospitais:

  • Fila de espera para internação: pessoas que buscam uma unidade para atendimento e não encontram leitos
  • Número de solicitações de transferência: a quantidade diária de solicitações por um leito dentro do sistema estadual de saúde; quanto maior este número, mais movimentados estão os hospitais

No Rio, ambos estão em disparada e autoridades citam o avanço da delta como principal motivo.

Fila de internação é a maior em 3 meses

Para articular a abertura de mais leitos, o documento da SES considerou o aumento das solicitações de transferência no sistema estadual de saúde.

No dia 10, o índice alcançou 221, de acordo com painel público de monitoramento do governo —e 206 de acordo com o documento. Foi a maior movimentação desde 7 de junho, quando 252 pessoas pediram transferência para um leito estadual de saúde.

O estado do Rio de Janeiro atingiu na quinta-feira (12) a maior fila de espera para internação desde 10 de maio. Naquela data, 157 pessoas aguardavam para serem internadas em uma unidade estadual de saúde. O número mais recente mostra 152 na fila.

Desde o início do mês, o estado vê uma disparada na fila de espera. No dia 1º, apenas 33 pessoas aguardavam um leito, ou seja, em menos de 15 dias houve um aumento de quase cinco vezes na busca.

Fila de leitos para covid-19 dispara no RJ em agosto - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Considerando somente os leitos de UTI, os pedidos subiram de 9 para 72 (alta de 700%) nos 12 primeiros dias do mês. A última vez que a fila esteve tão grande foi em 16 de abril, com 88 pessoas na fila.

Já os pedidos por leitos de enfermaria subiram de 24 para 80 em 12 dias (84%). É a maior fila para leitos desse tipo desde 31 de maio.

Capital cobra mais leitos

Hoje, o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), fez uma cobrança por mais leitos. Durante a divulgação do boletim epidemiológico da cidade do Rio, Paes afirmou que a cidade abre mais leitos do que outros níveis de governo, criticando principalmente o governo federal.

Nos últimos dias, capital abriu 20 leitos no hospital de referência para tratamento da doença, o Ronaldo Gazolla, na zona norte.

O secretário estadual pondera que o trabalho da SES não consiste em abrir mais leitos, mas monitorar tal necessidade.

"A gente tenta, até o último momento, manter o funcionamento normal das unidades. Mas caso necessário, a gente abre ou suspende a reversão de leitos, o monitoramento é feito diariamente", explicou.

O estado do Rio de Janeiro vacinou até ontem 8.692.940 com a primeira dose contra a covid-19, cerca de 50% da população. Completamente imunizados já são 27%.