Saúde diz que não garantirá doses a estados que não seguirem orientações
Do UOL, em São Paulo
01/09/2021 16h04
O Ministério da Saúde afirmou hoje em nota que não irá garantir doses da vacina contra covid-19 a estados e municípios que adotarem planos de imunização diferentes do estabelecido pela pasta.
No comunicado, o órgão diz que decisões sobre doses de reforço, diminuição do intervalo entre doses e a aplicação de vacinas de fabricantes diferentes devem ser "baseadas em evidências científicas, ampla discussão entre especialistas, cenário epidemiológico, população-alvo, disponibilidade de doses e autorização de órgãos regulatórios, como a Anvisa".
"Essas alterações nas recomendações do PNO podem influenciar na segurança e eficácia das vacinas na população e podem ainda acarretar a falta de doses do Plano Nacional de Vacinação para completar o esquema vacinal na população brasileira", continua.
A declaração acontece pouco depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciar o calendário para a terceira dose no estado, que contempla paulistas a partir de 60 anos.
Sem citar diretamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Doria falou que, diferente do governo federal, a gestão estadual prioriza a ciência e, por essa razão, não seguirá o PNI (Programa Nacional de Imunização). O programa prevê a terceira dose para idosos com 70 anos ou mais.
Na nota técnica, o Ministério da Saúde indica, para a terceira dose, "preferencialmente" vacinas de RNA mensageiro (Pfizer) ou, "de maneira alternativa", de vetor viral (Astrazeneca e Janssen). As de vírus inativo (CoronaVac) não são citadas. Isso irritou o estado de São Paulo, que declarou que usará "a vacina que tiver disponível" e que a CoronaVac tem eficácia de reforço comprovada em estados.
Segundo Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde do Estado de São Paulo, a pasta vai oficiar hoje no MS a solicitação para que a CoronaVac seja também inserida nessa plataforma de imunização com terceira dose. "Não é correto, justo e nem ético que tenhamos esse dispositivo de vacinas e ele não seja usado em sua plenitude", disse ele em entrevista coletiva nesta tarde.