Vecina: Passaporte da vacina é caminho que teremos que adotar com a ômicron
Médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gonzalo Vecina Neto criticou, em entrevista ao UOL News, a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre assinar medida provisória (MP) que determine apenas ao governo federal a decisão sobre a obrigatoriedade do passaporte da vacina contra a covid-19. A fala foi feita ao site Poder360, no domingo (5).
Segundo Vecina, cabe ao Congresso votar contra a MP proposta por Bolsonaro, já que o surgimento da variante ômicron reforça a necessidade da adoção de um passaporte sanitário para circulação de estrangeiros e residentes no país. "Países estão declarando a importância de se ter o passaporte da vacina para se movimentar dentro e entre países. Acho que esse é o caminho que vamos ter que adotar frente à ômicron", disse.
O médico destacou que, no Brasil, todos os casos registrados foram em pessoas já vacinadas contra a covid-19 e que apresentaram sintomas leves, sem necessidade de internação pela doença.
"A maior parte dos casos de ômicron, apesar dela se espalhar e se disseminar muito rapidamente, são bastante brandos, não têm gravidade e não têm levado as pessoas às UTIs e hospitais", afirmou Vecina.
Apesar disso, ele ressaltou que ainda é preciso esperar as conclusões científicas sobre a variante ômicron para entender a proteção que os imunizantes já existentes oferecem ou não contra ela.
"Temos que estudar e esperar o resultado das empresas fabricantes para dizer se a vacina continua protegendo ou não. Tudo indica que estamos vivendo um momento de cuidado, mas que tem grande chance de não ser tão grave assim", apontou o ex-presidente da Anvisa.
Sobre a MP proposta por Bolsonaro, Vecina disse esperar atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) semelhante à que permitiu estados e municípios definirem estratégias de combate à pandemia.
"Espero que o direito de ir e vir continue se submetendo ao direito à saúde, o direito mais sagrado da nossa Constituição. Essa questão da vacina se insere no direito à saúde, no direito de viver. Espero que o Congresso e o STF façam valer a regra que coloca a saúde em primeiro lugar e não a liberdade e o direito de ir e vir."
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