Topo

Amazon prepara novo ataque à Apple: fones com inteligência artificial

Airpods, da Apple, podem ganhar em breve um novo e improvável concorrente, feito pela Amazon -
Airpods, da Apple, podem ganhar em breve um novo e improvável concorrente, feito pela Amazon

Mark Gurman

06/04/2019 13h30

A Amazon testa uma nova forma dar mobilidade à assistente digital Alexa, usando fones de ouvido sem fio parecidos com os AirPods, da Apple.

A gigante do comércio eletrônico está finalizando os fones de ouvido com acesso à Alexa, que podem ser lançados já no segundo semestre, de acordo com pessoas com conhecimento dos planos. Os fones serão parecidos com os AirPods em aspecto e funcionamento, mas os profissionais da Amazon tentam entregar melhor qualidade de áudio, segundo as fontes. Assim como os AirPods, os fones da Amazon não têm peças de suporte em torno das orelhas.

O produto é um dos projetos mais importantes da divisão de hardware Lab126 da empresa sediada em Seattle, de acordo com as fontes, que pediram anonimato. A Amazon também desenvolve um robô doméstico de codinome Vesta que trabalhará com Alexa, segundo reportagem publicada pela Bloomberg no ano passado.

Os usuários poderão recorrer aos fones da Amazon para encomendar produtos, tocar músicas, saber a previsão do tempo e outras informações mesmo se estiverem se locomovendo.

A assistente digital da Amazon será convocada quando o usuário disser "Alexa". Também haverá controle por meio de gestos, como toques para atender e desligar chamadas e trocar de música, segundo essas pessoas.

A Amazon preferiu não comentar.

Nos EUA, os AirPods da Apple custam entre US$ 159 e US$ 199. Os equipamentos da Amazon geralmente são mais baratos que os da concorrência.

É uma iniciativa ousada da Amazon no ramo de equipamentos, agora indo além da residência do usuário. O smartphone Fire fracassou em 2015, mas os alto-falantes inteligentes Echo tiveram surpreendente sucesso, levando a Alexa a milhões de casas e apartamentos. A Amazon permitiu que equipamentos fabricados por outras empresas funcionem com Alexa, caso da Bose.

O fato de a Amazon não ter emplacado um smartphone e sistema operacional para dispositivos móveis é o grande limitador do crescimento da Alexa. Assistentes digitais de Apple e Google já têm enormes bases de usuários porque suas tecnologias estão em centenas de milhões de iPhones, iPads, e dispositivos Android.

Os fones de ouvido da Amazon não virão com conectividade embutida e precisarão ser emparelhados com um telefone celular - ou seja, será necessário trabalhar com sistemas de Apple e Google, o que já ocorre com os aplicativos Alexa. Estrategicamente, é uma dor de cabeça para a Amazon, que usa Alexa para se adiantar no segmento de computação ativada por voz e colocar seu negócio de e-commerce diante de mais consumidores.

Ocorreram alguns atrasos no desenvolvimento do produto, segundo as fontes. Uma delas revelou que a companhia abordou possíveis fornecedores e parceiros para fabricação dos equipamentos nos últimos meses. Nos últimos dois anos, a Amazon lançou diversos equipamentos perto do mês de setembro.

Os fones virão em um estojo que funciona como carregador, conectado a um cabo USB tradicional. A empresa testou versões dos fones nas cores cinza e preta, disseram as fontes.

Quando foram lançados, em 2016, os AirPods eram motivo de piada, mas logo viraram moda, ajudando a reverter a desaceleração das vendas de iPhones. A Apple agora desenvolve a terceira geração do produto, que cancela ruídos externos e é resistente à água, de acordo com pessoas a par dos planos.

Os AirPods integram o segmento de acessórios da Apple, que gerou receita de US$ 17,4 bilhões, o equivalente a 7 por cento das vendas no último ano fiscal. Recentemente, a Samsung Electronics lançou os Galaxy Buds, que funcionam de maneira semelhante aos AirPods e ao produto planejado pela Amazon. O mercado de fones de ouvido sem fio também é disputado por Jabra, Sony e pela divisão Beats, da Apple. Nem todo mundo se deu bem com o conceito. O Google lançou no ano passado os Pixel Buds, que foram criticados pelo estojo considerado frágil.