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Governo do Níger fecha campos de imigrantes após tragédia no deserto

Voluntários cavam buracos para enterrar corpos de imigrantes que morreram durante travessia do Saara - 30.out.2013 - Almoustapha Alhacen/Associated Press
Voluntários cavam buracos para enterrar corpos de imigrantes que morreram durante travessia do Saara Imagem: 30.out.2013 - Almoustapha Alhacen/Associated Press

Em Niamei (Níger)

01/11/2013 22h37

O governo do Níger determinou nesta sexta-feira o fechamento "imediato" dos campos de imigrantes em situação ilegal em Agadez, principal zona de trânsito para Argélia e Líbia, após a morte de 92 viajantes no deserto do Saara.

Ao final de uma reunião do gabinete, o governo também informou que "todos os atores" deste tráfico de emigrantes serão "identificados" e "punidos com o devido rigor", em uma mensagem lida em rede nacional.

O governo em Niamei decretou ainda três dias de luto nacional pela morte dos 92 migrantes - em sua maioria mulheres e crianças - que atravessavam o deserto em direção à Argélia em busca de uma vida melhor.

Viagem começou em setembro; animais comeram corpos


Profundamente abalado pelo drama, que custou a vida de 55 crianças, 33 mulheres e 7 homens, todos nigerinos que tentavam chegar à Argélia no início de outubro, Niamey apresentou suas condolências às famílias e convidou a população a orar pela memória dos desaparecidos.

As bandeiras estavam a meio mastro nesta sexta-feira em todo o território nigerino em homenagem às vítimas, especialmente na Assembleia Nacional, no estádio de Niamey e no Palácio de Congressos, comprovou um jornalista da AFP.

Sadafiu, um sobrevivente de 30 anos que perdeu três de seus parentes na viagem, explicou há vários dias a uma rádio que o grupo do qual formava parte, originário do sul do Níger, tentava escapar das más colheitas anunciadas.

Apenas 21 pessoas, de um total de 113, sobreviveram a esta viagem, segundo uma fonte dos serviços de segurança.

As vítimas "morreram de sede, seus dois veículos sofreram avarias quase simultaneamente", explicou à AFP o prefeito de Agadez, Rhissa Feltou.

"No deserto a sede não perdoa. Os mais fortes podem aguentar três ou quatro dias, mas em geral após 24 ou 48 horas começa um processo que leva a uma morte rápida", acrescentou.