Práticas funerárias humanas alteram química do solo
Viena, 26 Abr 2017 (AFP) - Os humanos não deixam sua marca na natureza só quando estão vivos, mas também depois de mortos, visto que os corpos em decomposição alteram a química do solo, advertiu nesta quarta-feira um grupo de cientistas.
Nossos cadáveres, enterrados ou cremados, vazam ferro, zinco, enxofre, cálcio e fósforo para o solo. São nutrientes essenciais, mas as práticas funerárias humanas fazem com que estes elementos se concentrem em cemitérios, em vez de se repartirem na natureza de maneira uniforme, segundo um novo estudo.
Isto significa que em alguns lugares pode haver nutrientes em excesso para as plantas e os animais, enquanto que em outros não há elementos suficientes.
Os corpos humanos contém, além disso, elementos prejudiciais, como o mercúrio presente nas obturações dentárias.
"Frequentemente os rastros químicos de corpos decompostos podem ser muito bem distinguidos no solo", disse Ladislav Smejda, da Universidade Checa de Ciências da Vida, em Praga, que participou da pesquisa.
"Estes vestígios persistem por muito tempo, de séculos a milênios", acrescentou.
Os efeitos se tornarão mais pronunciados à medida que mais cadáveres forem enterrados, disse Smejda em Viena, onde apresentou a pesquisa em uma reunião da União Europeia de Geociências.
"O que fazemos hoje com nossos mortos afetará o meio ambiente por muito, muito tempo", disse.
"Talvez não seja um problema na nossa perspectiva atual, mas com uma população crescente a nível mundial, pode vir a ser um problema premente no futuro".
Smejda e uma equipe de cientistas usaram espectroscopia de fluorescência de raios X para analisar os elementos químicos do solo em túmulos e em lugares onde se espalharam cinzas.
Novas formasTambém estudaram carcaças de animais para medir o impacto teórico de uma antiga prática denominada "excarnação", na qual os cadáveres são deixados para se decompor ao ar livre.
Nos três casos, o solo continha concentrações de elementos químicos "significativamente" mais altas que nos arredores, afirmou Smejda.
Se não houvesse cemitérios, os restos humanos, como os de animais, se distribuiriam de forma aleatória, e os nutrientes que liberam poderiam ser reutilizados "repetidas vezes, em todos os lugares", disse o pesquisador à AFP.
Mas concentrá-los em determinados lugares "é algo que pode ser considerado não natural. É um impacto humano, estamos mudando os níveis naturais", assegurou.
Agora a pergunta é: "Podemos encontrar uma ideia melhor para repartir esses elementos necessários em espaços mais amplos?", questionou Smejda.
"Certamente há possibilidades de inventar, desenvolver e colocar em prática (...) novas formas de enterros humanos ou novos tratamentos menos prejudiciais para o meio ambiente, mais ecológicos", destacou.
O cientista reconheceu, no entanto, que o tema é um "tabu" para muitas pessoas, já que as práticas funerárias estão profundamente arraigadas na cultura e na religião.
Nossos cadáveres, enterrados ou cremados, vazam ferro, zinco, enxofre, cálcio e fósforo para o solo. São nutrientes essenciais, mas as práticas funerárias humanas fazem com que estes elementos se concentrem em cemitérios, em vez de se repartirem na natureza de maneira uniforme, segundo um novo estudo.
Isto significa que em alguns lugares pode haver nutrientes em excesso para as plantas e os animais, enquanto que em outros não há elementos suficientes.
Os corpos humanos contém, além disso, elementos prejudiciais, como o mercúrio presente nas obturações dentárias.
"Frequentemente os rastros químicos de corpos decompostos podem ser muito bem distinguidos no solo", disse Ladislav Smejda, da Universidade Checa de Ciências da Vida, em Praga, que participou da pesquisa.
"Estes vestígios persistem por muito tempo, de séculos a milênios", acrescentou.
Os efeitos se tornarão mais pronunciados à medida que mais cadáveres forem enterrados, disse Smejda em Viena, onde apresentou a pesquisa em uma reunião da União Europeia de Geociências.
"O que fazemos hoje com nossos mortos afetará o meio ambiente por muito, muito tempo", disse.
"Talvez não seja um problema na nossa perspectiva atual, mas com uma população crescente a nível mundial, pode vir a ser um problema premente no futuro".
Smejda e uma equipe de cientistas usaram espectroscopia de fluorescência de raios X para analisar os elementos químicos do solo em túmulos e em lugares onde se espalharam cinzas.
Novas formasTambém estudaram carcaças de animais para medir o impacto teórico de uma antiga prática denominada "excarnação", na qual os cadáveres são deixados para se decompor ao ar livre.
Nos três casos, o solo continha concentrações de elementos químicos "significativamente" mais altas que nos arredores, afirmou Smejda.
Se não houvesse cemitérios, os restos humanos, como os de animais, se distribuiriam de forma aleatória, e os nutrientes que liberam poderiam ser reutilizados "repetidas vezes, em todos os lugares", disse o pesquisador à AFP.
Mas concentrá-los em determinados lugares "é algo que pode ser considerado não natural. É um impacto humano, estamos mudando os níveis naturais", assegurou.
Agora a pergunta é: "Podemos encontrar uma ideia melhor para repartir esses elementos necessários em espaços mais amplos?", questionou Smejda.
"Certamente há possibilidades de inventar, desenvolver e colocar em prática (...) novas formas de enterros humanos ou novos tratamentos menos prejudiciais para o meio ambiente, mais ecológicos", destacou.
O cientista reconheceu, no entanto, que o tema é um "tabu" para muitas pessoas, já que as práticas funerárias estão profundamente arraigadas na cultura e na religião.
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