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EUA e Catar firmam acordo sobre luta antiterrorista

11/07/2017 20h28

Doha, 11 Jul 2017 (AFP) - Catar e Estados Unidos assinaram um memorando de acordo sobre a luta contra o financiamento do "terrorismo" - anunciaram autoridades de ambos os países, em Doha, nesta terça-feira (11).

O anúncio foi feito pelo ministro catariano das Relações Exteriores, xeque Mohamed ben Abderrahman Al-Thani, que fechou o acordo junto com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, durante sua visita ao Catar.

O emirado foi isolado e alvo de bloqueio por parte de seus vizinhos do Golfo, sob a alegação de que estaria apoiando movimentos extremistas.

"Hoje, o Catar é o primeiro país a firmar com os Estados Unidos um programa de luta contra o financiamento do terrorismo", declarou o xeque Al-Thani.

"Convidamos todos os países que nos impõem um bloqueio a se somarem ao acordo", acrescentou o ministro, em entrevista coletiva ao lado de Tillerson.

Em um texto citado pela agência de imprensa saudita SPA Arábia Saudita, Bahrein, Egito e Emirados Árabes afirmaram que "vigiarão de perto a seriedade das autoridades catarianas para combater qualquer forma de financiamento, apoio e amparo ao terrorismo".

O acordo especifica "os esforços futuros que o Catar pode realizar para reforçar sua luta contra o terrorismo e atacar diretamente os problemas do financiamento do terrorismo", explicou o conselheiro de Tillerson, RC Hammond, em um comunicado.

Na segunda-feira (10), o secretário de Estado americano iniciou pelo Kuwait uma turnê pela região para ajudar a encontrar uma saída para a crise. A viagem teria sido motivada pela complexidade da disputa entre o Catar e seus adversários árabes a respeito do suposto apoio de Doha a grupos extremistas e de suas ligações com o Irã.

Líder das ricas monarquias árabes do Golfo, a Arábia Saudita - junto com Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egito - rompeu com o Catar em 5 de junho passado e lhe impôs sanções econômicas.

Para normalizar a situação com o vizinho, que nega qualquer apoio ao "terrorismo", os quatro países entregaram em 22 de junho uma lista com 13 exigências. Entre elas, está o fechamento da televisão Al-Jazeera e de uma base turca, bem como a revisão dos vínculos com o Irã xiita, principal rival regional sunita da Arábia Saudita.

Doha rejeitou as imposições, considerado que violavam sua soberania.

Tillerson indicou que o acordo firmado nesta terça-feira repousa sobre a decisão de "erradicar o terrorismo", tomada durante a cúpula que reuniu cerca de 50 líderes muçulmanos e o presidente americano, Donald Trump, em Riad, no final de maio.

Esse compromisso "começará imediatamente em várias frentes", acrescentou o secretário de Estado.

O acordo de Doha é um primeiro passo para a difícil missão de Trump de encontrar uma solução para a crise.

Na quarta-feira (12) em Jidá, no oeste saudita, Tillerson se reunirá com seus colegas de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito.

"Esse encontro reflete a vontade dos quatro países de reforçar a coordenação e mostrar sua unidade sobre as futuras relações com o Catar", explicou o chanceler egípcio, ao anunciar a reunião quadripartida.

Antes da visita do secretário de Estado a Doha, RC Hammond considerou, no Kuwait, país que também desempenha um papel de mediador na crise, que uma solução poderia demorar vários meses.

"Espero que possamos fazer progressos", declarou Tillerson após uma reunião com o emir do Catar.

"Acredito que o Catar foi muito claro em expor suas posições e acho que é muito razoável", afirmou o secretário em Doha, aonde chegou a partir do Kuwait, primeira etapa de sua viagem.

Sua comitiva não esconde a envergadura da crise, a mais grave no Conselho de Cooperação do Golfo desde seu nascimento em 1981. O CCG é formado por Arábia Saudita, Catar, Omã, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Kuwait.