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Peru: MP pede prisão preventiva para Humala e sua esposa por caso Odebrecht

11/07/2017 22h20

Lima, 12 Jul 2017 (AFP) - Um juiz decidirá na quarta-feira se aceitará ou não o pedido da procuradoria de prisão preventiva por 18 meses para o ex-presidente peruano Ollanta Humala e sua esposa, Nadine Heredia, por suposta contribuição irregular da Odebrecht à sua campanha eleitoral em 2011.

Humala classificou o pedido do procurador de "medida abusiva e surpreendente" em sua primeira reação à imprensa, argumentando que sempre cooperaram com as investigações desde que foram iniciadas, há três anos. O casal é acusado de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

"Recebo com surpresa esta medida abusiva e surpreendente, nós cumprimos todas as disposições fiscais porque somos os principais interessados em que isso se esclareça", afirmou o ex-presidente (2011-2016).

Humala reiterou que "há uma perseguição política", supostamente orquestrada por um setor do Congresso e da imprensa. "Não há provas, só há alegações não corroboradas".

O Poder Judiciário informou em um comunicado que "o pedido de prisão formulado pelo Ministério Público é por um prazo de 18 meses".

O juiz encarregado do caso, Richard Concepción Carhuancho, esclareceu em uma resolução judicial que "a audiência terá caráter inadiável", será realizada de qualquer maneira.

Não está claro se os Humala comparecerão, já que o casal poderá ser representado por seus advogados. O próprio Humala deixou entrever essa possibilidade, indicando que vai obedecer a recomendação de sua defesa.

O pedido de prisão preventiva foi divulgado mais cedo pela procuradoria.

"Está confirmado que o procurador provincial Germán Juárez solicitou ao Poder Judiciário a prisão preventiva para o ex-presidente Humala e sua esposa pelos aportes irregulares de três milhões de dólares da Odebrecht para a campanha de 2011", disse à AFP a fonte do MP.

O Ministério Público informou sobre o pedido de prisão pelo Twitter. "Confirmado o pedido de prisão preventiva contra Ollanta Humala e Nadine Heredia. A audiência será realizada amanhã às 10h", indicou.

O pedido de prisão preventiva não se baseia apenas no depoimento de Marcelo Odebrecht, que garantiu ao procurador Juárez ter doado 3 milhões de dólares à campanha eleitoral, mas também em declarações de outros colaboradores, que teriam apresentado provas à procuradoria sobre a entrega de dinheiro ao casal, segundo a imprensa local.

O advogado de Humala, Julio Espinoza, disse estar surpreso com o pedido "já que o ex-mandatário e sua mulher têm respondido a todas as citações e convocações do MP".

"Vamos esperar a intimação do juiz para escutar e debater a posição do MP. Só esperamos uma decisão imparcial", destacou à emissora Canal N.

Em diversas ocasiões, Humala negou ter recebido dinheiro da Odebrecht ou do Partido dos Trabalhadores (PT) para sua campanha. O tenente-coronel aposentado do Exército afirmou, há algumas semanas, ser vítima do maior "linchamento político" da vida republicana do Peru pelas investigações a que ele e sua família estão submetidos.

A Odebrecht garante que pagou 29 milhões de dólares em propina no Peru para fazer obras entre 2005 e 2014. O período compreende os governos de Alejandro Toledo, Alan García e Humala.