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Governadores da oposição prestam juramento à Constituinte na Venezuela

Nicolás Maduro reuniu os governadores eleitos após os juramentos à Constituinte - Miraflores Palace/Handout via REUTERS
Nicolás Maduro reuniu os governadores eleitos após os juramentos à Constituinte Imagem: Miraflores Palace/Handout via REUTERS

23/10/2017 23h29

Quatro governadores da oposição, eleitos no dia 15 de outubro na Venezuela, prestaram juramento nesta segunda-feira (23) à Assembleia Constituinte, cedendo à exigência dos constituintes, que consideram ilegítimos.

"A Constituinte empossou quatro governadores da oposição que foram reconhecer seus poderes plenipotenciários(...). Oxalá possamos manter este clima de reconhecimento mútuo", declarou o presidente Nicolás Maduro em rede nacional.

Durante um encontro com governadores chavistas, Maduro informou ter conversado por telefone com seus colegas opositores para propor um trabalho conjunto.

"Muito em breve vou me reunir com estes quatro governadores (...). Espero a maior boa vontade, são governadores que o povo elegeu e com os quais nos corresponde trabalhar".

Os quatro governadores pertencem à Ação Democrática, liderada pelo veterano parlamentar Henry Ramos Allup e um dos partidos que dominaram a política venezuelana até a chegada do chavismo ao poder em 1999.

São eles: Antonio Barreto, do estado de Anzoátegui (nordeste); Alfredo Díaz, de Nueva Esparta (nordeste); Ramón Guevara, de Mérida (oeste), e Laidy Gómez, de Táchira (oeste).

O opositor Juan Pablo Guanipa, eleito pelo estado de Zulia (oeste), lamentou a decisão de seus de seus companheiros de subordinação à Constituinte.

"Não cheguei ao governo para me ajoelhar diante de um poder que não representa ninguém, fraudulento, e sim para defender o estado de Zulia".

Já Gómez justificou sua decisão: "quando o povo te implora que não o abandone, a humilhação de um líder é um meio para conseguir liberdade".

"Foi um ato muito importante, uma mensagem clara sobre a necessidade da convivência democrática e pacífica e do respeito à vontade popular", disse a presidente da Constituinte, Delcy Rodríguez.

O juramento ocorreu na sede da chancelaria, em Caracas, e os governadores saíram sem dar declarações aos jornalistas.

Na sexta-feira, Maduro ameaçou impugnar os governadores eleitos da oposição que não prestassem juramento à Assembleia Constituinte.

"Quem quiser ser governador terá que reconhecer a Assembleia Nacional Constituinte, caso contrário repetiremos as eleições nos respectivos Estados".

A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) conquistou os governos de cinco Estados, contra 23 para os chavistas de Maduro.

A lei venezuelana determina que os governadores prestem juramento às respectivas Assembleias Legislativas estaduais, mas um novo decreto também obrigou sua subordinação à Constituinte.

A MUD ignora a vitória do chavismo na recente eleição alegando que o processo foi "fraudulento".

"É um passo atrás no discurso opositor de ignorar a Constituinte. Vai gerar mais confronto interno na MUD e reforçar a tendência à abstenção", avaliou o cientista político Luis Salamanca.

Analistas afirmam que a abstenção - refletida na perda de quase três milhões de votos para a oposição em relação às legislativas de 2015 - foi uma das causas da recente derrota da MUD.