Pentágono elabora guia para futuros detidos em Guantánamo
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, enviou à Casa Branca um novo guia sobre como os militares americanos podem considerar os detidos para uma possível transferência à prisão da Baía de Guantánamo, disse um funcionário de alto escalão do Pentágono nesta quarta-feira (2).
A medida é tomada depois de o presidente Donald Trump assinar, em janeiro, uma ordem executiva para reverter a diretriz não aplicada de 2009 feita por seu antecessor, Barack Obama, para fechar uma prisão cuja existência e permanência provocou fortes críticas a nível internacional, incluindo da ONU.
As recomendações de Mattis dão "orientações a nossos combatentes sobre a indicação de detidos para sua transferência a Guantánamo no caso de essa pessoa apresentar uma ameaça contínua e significativa à segurança dos Estados Unidos", declarou a porta-voz do Pentágono, comandante Sarah Higgins.
O departamento não forneceu outros detalhes sobre as recomendações e o presidente do Conselho de Segurança Nacional não quis fazer comentários a respeito.
A prisão de Guantánamo não recebe novos internos desde 2008, mas na última campanha à Presidência, Donald Trump disse que seriam "bom" se os suspeitos americanos de terrorismo fossem enviados a essa prisão instalada em território cubano para serem julgados.
Contudo, qualquer tentativa de enviar novos presos a Guantánamo provavelmente enfrentaria muitos desafios legais.
"Dada a história de tortura, detenção ilegal e total falta de justiça lá, nenhum novo detido deveria ser transferido a Guantánamo", assinalou Daphne Eviatar, diretora da Anistia Internacional para os Estados Unidos em comunicado.
Trump deu em janeiro a Mattis e aos chefes de outras agências um prazo de 90 dias para recomendar políticas sobre os detidos em tempos de guerra, e se deveriam ou não ser enviados a Guantánamo.
Funcionários americanos discutiram abertamente sobre o destino dos detidos do grupo Estado Islâmico (EI), principalmente combatentes estrangeiros, nas mãos de milícias apoiadas pelos Estados Unidos no norte da Síria.
Mattis disse na segunda-feira que as Forças Democráticas Sírias, que lutam contra o EI com o apoio de Washington, tinham mais de 400 prisioneiros.
O chefe do Pentágono acrescentou que está "absolutamente seguro de que não há nada acontecendo lá (em Guantánamo) que não esteja de acordo com" as convenções de Genebra sobre o tratamento aos prisioneiros de guerra.
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