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Comissão britânica investiga relatório da ONU sobre sexo em troca de comida em campos de refugiados

29/05/2018 10h17

Londres, 29 Mai 2018 (AFP) - Uma comissão parlamentar britânica investiga um relatório da ONU de 2001 mantido sob sigilo que acusava integrantes de 15 ONGs de pedir sexo em troca de comida a crianças refugiadas, informa o jornal The Times.

O documento, de 84 páginas, foi elaborado para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) por investigadores que visitaram campos de refugiados em Guiné, Libéria e Serra Leoa.

Apenas uma versão resumida do relatório foi publicada em 2002, mas que não citava as 15 organizações com integrantes envolvidos.

De acordo com o documento, do qual o jornal The Times obteve uma cópia, alguns membros destas ONGs "usavam a ajuda humanitária e os serviços destinados a beneficiar os refugiados como ferramenta de exploração".

Comida, combustível e até o acesso às escolas eram trocados por favores sexuais.

As "listas confidenciais" do relatório continham os nomes de 67 pessoas supostamente envolvidas, sem que isto fosse traduzido em ações judiciais, segundo o jornal.

Uma cópia do relatório está sendo examinada atualmente pela comissão parlamentar britânica que investiga os abusos sexuais de integrantes de ONGs, depois da divulgação de que funcionários da Oxfam cometeram tais crimes no Haiti após o terremoto de 2010.

Este documento "é muito importante para nossa investigação", afirmou a deputada conservadora Pauline Latham ao The Times.

"Mostra que o setor humanitário teve problemas durante muitos anos e que não conseguiu resolvê-los por conta própria".

Entre as organizações envolvidas o jornal cita várias agências da ONU e organizações como o Comitê Internacional de Resgate (IRC) e o Conselho Norueguês para Refugiados (NRC).

Ao ser procurado pela AFP, o IRC afirmou que "demitiu funcionários locais com envolvimento confirmado" nos crimes, enquanto o NRC informou que demitiu um funcionário em Serra Leoa.

Na época, Ruud Lubbers, então no comando do Acnur, chamou as acusações de "boatos".

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