Presidente da Comissão Europeia apoia levar Maduro à Justiça internacional
O titular da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advogou nesta quarta-feira (24) por levar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, à Justiça internacional, após sua primeira reunião com o chefe de Estado colombiano, Iván Duque, em Bruxelas.
"Agora isso é uma questão para o sistema de justiça internacional. Este homem deve ser levado aos tribunais", afirmou Juncker, em entrevista coletiva, depois de defender o papel da Colômbia na acolhida dos refugiados venezuelanos.
O chefe do Executivo comunitário respondia a uma pergunta da imprensa sobre uma eventual ação internacional "mais decidida" para "isolar a ditadura do senhor Maduro". "Nós não gostamos dessa ditadura", respondeu o ex-primeiro-ministro de Luxemburgo.
O presidente colombiano, no cargo desde agosto, agradeceu a ajuda financeira da União Europeia (UE) para lidar com a chegada de imigrantes venezuelanos, e ressaltou seu objetivo de "continuar denunciando os abusos da ditadura na Venezuela".
Segundo a ONU, 2,3 milhões de venezuelanos (7,5% da população de 30,6 milhões) vivem no exterior, dos quais 1,9 milhão emigraram desde 2015, quando a crise econômica se agravou. Cerca de 870.000 residem na Colômbia e 200.000 na Espanha, de acordo com essas cifras.
Em junho, a UE dispôs 35 milhões de euros (39,8 milhões de dólares) para enfrentar a crise humanitária na Venezuela e ajudar os países vizinhos, metade dos quais "já estão sendo usados", disse na véspera a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
"Também decidimos continuar trabalhando juntos para resolver a questão venezuelana, não só do ponto de vista humanitário (...), mas também para encontrar uma solução pacífica e democrática" à crise, apontou Mogherini nesta quarta.
A UE já manifestou em meados de outubro, depois de uma reunião de chanceleres europeus, a sua vontade de criar um grupo de contato para facilitar uma solução política na Venezuela, também com o apoio de atores regionais, mas descartou que isso fosse uma mediação.
O bloco impôs no último ano sanções contra a Venezuela, país mergulhado em uma crise política, econômica e humanitária, para minar, em sua visão, a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos.
Além de adotar um embargo de armas, os europeus impuseram a proibição de vistos e o congelamento de bens para 18 responsáveis europeus, incluindo a vice-presidente Delcy Rodríguez, embora evite sancionar Maduro, como fez Washington, para manter os canais de comunicação abertos.
Tanto Mogherini como Juncker reiteraram a Duque o apoio dos europeus na implementação do acordo de paz alcançado no final de 2016 por seu antecessor, Juan Manuel Santos, com a guerrilha comunista das Farc, agora desarmada.
O chefe de Estado colombiano, que também se reuniu com o primeiro-ministro belga, Charles Michel, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, agradeceu o apoio, mas detalhou que será firme com "os que querem continuar a violência."
Duque, que assumiu o cargo há dois meses com a bandeira de "corrigir" o acordo que, no ano passado, desarmou e transformou em partido político a outrora guerrilha comunista, assegurou que seu governo vai honrar aqueles que fazem "genuinamente" uma transição da guerra à paz.
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