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Migrantes hondurenhos retomam caminhada rumo à fronteira México-EUA

24/10/2018 16h20

Acacoyagua, México, 24 Out 2018 (AFP) - Milhares de migrantes hondurenhos, que cruzam o México determinados a chegar aos Estados Unidos, retomaram nesta quarta-feira (24) sua marcha em um percurso estimado em 12 horas.

Com seus poucos pertences nas costas e uma grande presença de mulheres, algumas adolescentes, e crianças, os migrantes partiram antes do amanhecer da comunidade de Huixtla, no estado de Chiapas, onde acamparam na terça-feira para descansar.

"Ontem descansamos um pouco e tomamos banho no rio. Recuperamos um pouco as forças, mas o sol tem nos castigado", relatou à AFP Ulises Fernandez, um agricultor de 22 anos, passando pela cidade de Acacoyagua em um moto-táxi.

Os migrantes estão determinados a chegar à fronteira, apesar dos avisos do presidente americano Donald Trump de que serão rejeitados, argumentando que entre eles há potenciais "criminosos" e "desconhecidos" vindos do Oriente Médio. O republicano reconhece que não tem provas dessas afirmações.

A ONU estima que cerca de 7.000 pessoas estejam nesta caravana.

Os migrantes, fugindo da pobreza e da violência em Honduras, viveram dias exaustivos em seu trajeto até o México.

"Coragem, irmãos!", gritavam para eles os moradores de Acacoyagua, vilarejo ao lado da Sierra Madre Occidental.

"México, México!", respondiam os migrantes, agradecendo a água e a comida oferecida pelos locais.

Alguns caminham com dificuldade em razão das feridas abertas por tanto andar, enquanto outros empurram carrinhos com as crianças menores.

Acacoyagua fica a cerca de 100 km de Ciudad Hidalgo, na fronteira com a Guatemala, onde na sexta-feira eles entraram no México em debandada.

Para chegar à fronteira com os Estados Unidos, restam cerca de 3 mil quilômetros, dependendo da rota que decidirem tomar.

Trump garantiu que vai cancelar a ajuda ao desenvolvimento na América Central se esse êxodo continuar e exigiu que o México impeça o avanço dos migrantes.

O México advertiu que somente aqueles com documentos legais entrariam da Guatemala, mas a maioria entrou clandestinamente através do rio Suchiate, a linha divisória natural entre os dois países.

Por vezes, a polícia mexicana acompanha os migrantes, mas sem impedir sua passagem.

Até segunda-feira, 1.699 pedidos de refúgio foram registrados no México, principalmente de menores de idade com suas mães e mulheres, de acordo com o governo mexicano.

Esses migrantes foram acomodados em um convento em Tapachula, Chiapas, onde são atendidos pelas autoridades.

Organizações que os defendem acusam o governo mexicano de violar seus direitos ao praticamente detê-los.