Príncipe herdeiro da Arábia Saudita: reformista ou autoritário?
Dubai, 24 Out 2018 (AFP) - Mohamed bin Salman iniciou várias reformas econômicas, sociais e religiosas na Arábia Saudita desde que foi nomeado príncipe herdeiro da potência petroleira ultraconservadora. Mas para muitos, a repressão aos dissidentes se aproxima do autoritarismo.
O presidente americano, Donald Trump, que estreitou vínculos com Bin Salman e favoreceu uma aproximação entre Arábia Saudita e Israel ante o Irã, afirmou que o príncipe herdeiro afirmou que não estava envolvido no assassinato do jornalista saudita e opositor ao regime Jamal Khashoggi, que morreu em 2 de outubro no consulado do reino em Istambul.
O jovem herdeiro ao trono mais poderoso do Golfo, de 33 anos, supervisiona a maior transformação na história recente do reino e afasta todos os rivais desde sua designação em junho de 2017.
Em sua busca por investidores internacionais para a economia do reino, muito dependente do petróleo, prometeu uma Arábia Saudita "moderada".
Enfrentou os poderosos clérigos que dominaram a vida do reino por décadas e a elite mimada com um grande expurgo em setembro de 2017, que atingiu membros da realeza, ministros e personalidades do mundo dos negócios.
Mas o reconhecimento por Riad, após duas semanas de desmentidos, de que Jamal Khashoggi morreu no consulado da Arábia Saudita em Istambul pode colocar em perigo a imagem de reformista.
Duas figuras muito próximas ao príncipe, um alto funcionário do serviço de inteligência, Ahmad al Asiri, e um importante conselheiro da corte real, Saud al Qahtani, foram destituídos por seu papel na morte de Khashoggi.
Também foram demitidos outros funcionários da área de inteligência e 18 suspeitos foram detidos.
Para demonstrar que permanece à frente do poder saudita, o príncipe Mohamed fez na terça-feira uma rápida aparição durante a abertura do fórum Future Investment Initiative (FII), boicotado por autoridades políticas e executivos de empresas ocidentais.
O príncipe foi designado no sábado para presidir uma comissão ministerial "para reestruturar" o serviço de inteligência.
- "Líder tribal que passou de moda" -Em um período curto, o filho do rei Salman estabeleceu vínculos muito estreitos com a Casa Branca de Donald Trump, especialmente com o genro e conselheiro do presidente, Jared Kushner.
Diante dos governos ocidentais que desejam continuar fazendo negócios com o reino, se apresenta como um reformista que acabou com proibição a que as mulheres dirigissem, reduziu os poderes da polícia religiosa e determinou a reabertura dos cinemas.
Tudo isto faz parte do programa de reformas econômicas e sociais "Visão 2030" para preparar o país para uma era pós-petróleo.
Muitas organizações, no entanto, criticam a repressão dos dissidentes políticos.
Em setembro de 2017, a Human Rights Watch (HRW) e a Anistia Internacional (AI) informaram sobre a detenção de dezenas de escritores, jornalistas, ativistas e líderes religiosos.
Foi nesta época que Khashoggi decidiu partir para o exílio nos Estados Unidos.
Além disso, vários militantes dos direitos humanos e dos direitos das mulheres foram detidos este ano e poucas informações foram obtidas sobre seu paradeiro.
O príncipe herdeiro também foi muito criticado por colocar o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, em prisão domiciliar em Riad em novembro, além dos sinais de alarme com sua intervenção militar no vizinho Iêmen em apoio ao governo e com o bloqueio ao Catar.
"No fundo é um líder tribal que passou de moda", afirmou Khashoggi à revista Newsweek no início do ano em uma entrevista que só foi publicada após a confirmação de sua morte.
"Quer desfrutar dos benefícios da modernidade do primeiro mundo ... mas ao mesmo tempo quer governar como seu avô", completou.
- "Islã moderado" -Em uma de suas raras aparições públicas no ano passado, o príncipe herdeiro afirmou que buscava um "país de islã moderado e tolerante".
Tem pressionado para conter a influência dos clérigos de linha dura e dos xeques de maior destaque que promovem a intransigente versão do Islã do reino, com dezenas de detenções de figuras religiosas conservadoras.
Também reconhece que a aliança do país com o wahabismo - ideologia religiosa que é acusada de aumentar a intolerância e o terrorismo global - é um problema.
"O príncipe acredita muito em si mesmo", afirmou Khashoggi a Newsweek. "Ele não checa. Não tem bons conselheiros e está se aproximando de uma 'Arábia Saudita segundo Mohamed bin Salman'".
bur-jkb/kir/sgf-eb/zm
O presidente americano, Donald Trump, que estreitou vínculos com Bin Salman e favoreceu uma aproximação entre Arábia Saudita e Israel ante o Irã, afirmou que o príncipe herdeiro afirmou que não estava envolvido no assassinato do jornalista saudita e opositor ao regime Jamal Khashoggi, que morreu em 2 de outubro no consulado do reino em Istambul.
O jovem herdeiro ao trono mais poderoso do Golfo, de 33 anos, supervisiona a maior transformação na história recente do reino e afasta todos os rivais desde sua designação em junho de 2017.
Em sua busca por investidores internacionais para a economia do reino, muito dependente do petróleo, prometeu uma Arábia Saudita "moderada".
Enfrentou os poderosos clérigos que dominaram a vida do reino por décadas e a elite mimada com um grande expurgo em setembro de 2017, que atingiu membros da realeza, ministros e personalidades do mundo dos negócios.
Mas o reconhecimento por Riad, após duas semanas de desmentidos, de que Jamal Khashoggi morreu no consulado da Arábia Saudita em Istambul pode colocar em perigo a imagem de reformista.
Duas figuras muito próximas ao príncipe, um alto funcionário do serviço de inteligência, Ahmad al Asiri, e um importante conselheiro da corte real, Saud al Qahtani, foram destituídos por seu papel na morte de Khashoggi.
Também foram demitidos outros funcionários da área de inteligência e 18 suspeitos foram detidos.
Para demonstrar que permanece à frente do poder saudita, o príncipe Mohamed fez na terça-feira uma rápida aparição durante a abertura do fórum Future Investment Initiative (FII), boicotado por autoridades políticas e executivos de empresas ocidentais.
O príncipe foi designado no sábado para presidir uma comissão ministerial "para reestruturar" o serviço de inteligência.
- "Líder tribal que passou de moda" -Em um período curto, o filho do rei Salman estabeleceu vínculos muito estreitos com a Casa Branca de Donald Trump, especialmente com o genro e conselheiro do presidente, Jared Kushner.
Diante dos governos ocidentais que desejam continuar fazendo negócios com o reino, se apresenta como um reformista que acabou com proibição a que as mulheres dirigissem, reduziu os poderes da polícia religiosa e determinou a reabertura dos cinemas.
Tudo isto faz parte do programa de reformas econômicas e sociais "Visão 2030" para preparar o país para uma era pós-petróleo.
Muitas organizações, no entanto, criticam a repressão dos dissidentes políticos.
Em setembro de 2017, a Human Rights Watch (HRW) e a Anistia Internacional (AI) informaram sobre a detenção de dezenas de escritores, jornalistas, ativistas e líderes religiosos.
Foi nesta época que Khashoggi decidiu partir para o exílio nos Estados Unidos.
Além disso, vários militantes dos direitos humanos e dos direitos das mulheres foram detidos este ano e poucas informações foram obtidas sobre seu paradeiro.
O príncipe herdeiro também foi muito criticado por colocar o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, em prisão domiciliar em Riad em novembro, além dos sinais de alarme com sua intervenção militar no vizinho Iêmen em apoio ao governo e com o bloqueio ao Catar.
"No fundo é um líder tribal que passou de moda", afirmou Khashoggi à revista Newsweek no início do ano em uma entrevista que só foi publicada após a confirmação de sua morte.
"Quer desfrutar dos benefícios da modernidade do primeiro mundo ... mas ao mesmo tempo quer governar como seu avô", completou.
- "Islã moderado" -Em uma de suas raras aparições públicas no ano passado, o príncipe herdeiro afirmou que buscava um "país de islã moderado e tolerante".
Tem pressionado para conter a influência dos clérigos de linha dura e dos xeques de maior destaque que promovem a intransigente versão do Islã do reino, com dezenas de detenções de figuras religiosas conservadoras.
Também reconhece que a aliança do país com o wahabismo - ideologia religiosa que é acusada de aumentar a intolerância e o terrorismo global - é um problema.
"O príncipe acredita muito em si mesmo", afirmou Khashoggi a Newsweek. "Ele não checa. Não tem bons conselheiros e está se aproximando de uma 'Arábia Saudita segundo Mohamed bin Salman'".
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