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Eleições regionais podem complicar ainda mais a situação de Angela Merkel

Angela Merkel, chanceler alemã - Markus Schreiber/AP
Angela Merkel, chanceler alemã Imagem: Markus Schreiber/AP

Em Frankfurt am Main

28/10/2018 15h06

O partido de centro-direita de Angela Merkel e seu parceiro social-democrata na coalizão de governo sofreram, neste domingo, uma importante queda na eleição regional em Hesse, segundo pesquisas de boca de urna.

O partido conservador da chanceler alemã (CDU) aparece em primeiro, com entre 27 e 28% dos votos neste estado regional, mas em queda de mais de 10 pontos em relação ao resultado da eleição anterior de 2013. Já os social-democratas também sofreram uma queda de mais de 10 pontos, a 20%, segundo pesquisa dos canais ARD e ZDF.

Com entre 12% e 13%, a extrema direita entra no Parlamento regional, o último na Alemanha onde ainda não tinha representante. Este resultado, se confirmado, enfraqueceria um pouco mais a chanceler, desgastada após 13 anos de poder.

Duas semanas depois das eleições na Baviera, com resultados catastróficos para os conservadores da CSU, uma derrota do partido de Merkel em Hesse, onde fica a cidade de Frankfurt, a capital financeira do país e sede do Banco Central Europeu (BCE), poderia reavivar o debate sobre seu futuro. "Angela Merkel é chanceler há 13 anos, mas, politicamente, nunca sofreu tanta pressão", resumiu no sábado o jornal Süddeutsche Zeitung.

A ameaça é ainda maior porque em dezembro os militantes de seu partido serão convocados para votar sobre a presidência da CDU. Algumas lideranças afirmam, nos bastidores, que a CDU precisa mudar de líder e fazer uma guinada à direita ante o avanço da extrema-direita, o que Angela Merkel não se decidiu a fazer ainda de forma clara.

Uma derrota da CDU, que governa a região há quase duas décadas, teria um forte impacto, pois o ministro-presidente de Hesse, Volker Bouffier, é um dos grandes aliados de Merkel.

Bouffier apoia a chanceler de modo fiel desde a polêmica provocada pela política migratória de Merkel, que permitiu a entrada no país de mais de um milhão de migrantes em 2015 e 2016.

Merkel lidera o partido há mais 18 anos e, até o momento, nenhum membro da CDU declarou abertamente que deseja dirigir o partido. Ao mesmo tempo, a chanceler, 64 anos, pode ser obrigada a lidar com um enfraquecimento considerável do Partido Social-Democrata, aliado no governo federal.

Um novo revés em Hesse provocaria um novo debate no SPD, em queda livre, sobre a validade de permanecer no governo. Ao mesmo tempo, os Verdes são os grandes beneficiados nas pesquisas em Hesse e a nível nacional, após resultados satisfatórios na Baviera em meados de outubro.

As pesquisas atribuem ao presidente do partido, Tarek Al Wazir, de 20 a 21% nas intenções de voto. O partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD), criado há apenas cinco anos, deve obter 13% dos votos, segundo as pesquisas, o que permitira sua entrada no parlamento regional e confirmaria a presença da formação nas câmaras de todos os "Lander".