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Cuba não vê problema em manter relação com Brasil de Bolsonaro, diz ministro do país caribenho

Profissionais do Mais Médicos, programa de serviços médicos representa US$ 11 bilhões à ilha - Foto: AFP
Profissionais do Mais Médicos, programa de serviços médicos representa US$ 11 bilhões à ilha Imagem: Foto: AFP

Havana

31/10/2018 17h50

Cuba está disposta a manter relações com o governo de direita de Jair Bolsonaro, que assumirá a presidência do Brasil em 1º de janeiro de 2019, afirmou nesta quarta-feira (31) o ministro do Comércio Exterior, Rodrigo Malmierca.

"Não temos problemas em nos relacionarmos com aqueles que pensam de forma diferente de nós. Isso seria intolerante", declarou a repórteres o também titular da pasta de Investimento Estrangeiro, depois de participar das atividades da Feira Internacional de Havana.

O Brasil é um importante fornecedor de alimentos da ilha e contrata profissionais da saúde de Cuba para o programa Mais Médicos desde o mandato de Dilma Rousseff (2011-2016).

O programa de serviços médicos representa para a ilha, a nível mundial, US$ 11 bilhões.

"Não temos dificuldade em manter esses programas. Esse programa (no caso de Cuba) é realizado através da Organização Pan-americana de Saúde (como intermediário). Não é um programa bilateral. Não há dificuldades de nossa parte. Não temos medo", acrescentou.

Bolsonaro, que venceu o segundo turno no último domingo (28), expressou várias vezes a sua intenção de se distanciar de governos de esquerda.

"Nós não vemos nenhum problema. O que vai acontecer? Tem que perguntar a Bolsonaro", disse Malmierca.

O ministro explicou que, apesar do bloqueio imposto por Washington contra a ilha, os cubanos "mantêm relações com todos, inclusive com os Estados Unidos".

Há poucos dias, uma missão brasileira esteva em Cuba para buscar saídas para um atraso no pagamento de uma dívida da ilha com o país, que no final de 2018 chegaria a US$ 100 milhões.

Segundo a diplomacia brasileira, Cuba pediu para reprogramar os pagamentos de suas cotas de 2018 e 2019.

Essa dívida corresponde, em parte, à construção do porto de Mariel e à compra de alimentos, realizadas por empresas brasileiras, mas financiadas pelo BNDES e por uma instituição que promove as exportações do Brasil, a qual Cuba deve pagar.

Na segunda-feira (29), Malmierca assegurou que Cuba cumprirá com as suas obrigações, apesar das situações conjunturais, como o bloqueio dos Estados Unidos e as chuvas e secas que atingiram suas plantações.