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O papel dos EUA na Síria desde 2011

20/12/2018 16h00

Washington, 20 dez 2018 (AFP) - Confira abaixo as principais etapas do envolvimento dos Estados Unidos no conflito da Síria, após a decisão do presidente Donald Trump, anunciada na quarta-feira (19), de retirar as tropas americanas estacionadas nesse país:

- Pedido de saída de AssadEm 29 de abril de 2011, um mês depois das primeiras manifestações pacíficas, violentamente reprimidas pelo governo Bashar al-Assad, Washington impõe sanções econômicas a várias autoridades sírias.

Em 19 de maio do mesmo ano, Barack Obama pede a Assad que dirija a transição, ou que deixe o poder. Na véspera, Washington havia decidido impor sanções ao próprio Assad.

No início de julho, o embaixador dos Estados Unidos na Síria, Robert Ford, desafia o governo Assad viajando para Hama (centro), sitiada pelo Exército e palco de uma manifestação em massa.

Em 18 de agosto, Obama e seus aliados ocidentais pedem a Assad, pela primeira vez, que vá embora.

Em outubro, o embaixador americano deixa a Síria por "razões de segurança", e Damasco convoca seu embaixador em Washington.

- Obama renuncia a atacar DamascoNo verão (boreal) de 2013, o governo Assad é acusado de lançar um ataque químico perto de Damasco que deixou mais de 1.400 mortos, segundo Washington.

No último momento, Obama desiste de bombardear infraestruturas do governo e conclui, em setembro, um acordo com Moscou sobre o desmantelamento do arsenal químico sírio.

Meses antes, Obama havia prometido intervir, se a Síria ultrapassasse essa "linha vermelha".

- Coalizão e ataques antijihadistasEm 2014, os extremistas assumem o controle de grandes territórios no norte e no oeste de Bagdá, no Iraque, e no norte e no leste da Síria, onde aproveitam o caos provocado pela guerra civil.

No início de setembro, Obama promete vencer o grupo Estado Islâmico (EI) com "uma vasta coalizão internacional" e, no dia 23 desse mesmo mês, lança, com a ajuda dos aliados, seus primeiros ataques na Síria.

Principal contribuinte da coalizão, Washington tem 2.000 soldados estacionados na Síria - sobretudo, forças especiais - e mobiliza consideráveis meios aéreos e navais.

Em outubro de 2015, criam-se as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança curdo-árabe composta por 25.000 curdos e 5.000 árabes, todos sírios. Dominados pela principal milícia curda da Síria, as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), recebem ajuda dos Estados Unidos tanto em armamento quanto em apoio aéreo.

Desde então, as FDS expulsaram o EI do norte da Síria, especialmente de Raqa e de grande parte da província de Deir Ezzor, e continuam combatendo os extremistas em seus últimos redutos do leste do país.

- Trump ordena ataques na SíriaEm 8 de fevereiro de 2018, a coalizão disse ter matado pelo menos 100 combatentes pró-regime na província de Deir Ezzor em resposta a um ataque contra o quartel-general das FDS.

Em 14 de abril, os Estados Unidos, com o apoio de França e Reino Unido, lançam ataques seletivos contra o regime sírio, o qual acusam de ter lançado um ataque químico em 7 de abril. A ofensiva deixou mais de 40 mortos na cidade de Duma, perto de Damasco, então nas mãos de rebeldes.

Em abril de 2017, Trump havia ordenado ataques contra a base aérea síria de Al-Shayrat (centro), após um ataque com gás sarin em Khan Sheikhun, uma localidade controlada por rebeldes e por jihadistas na província de Idleb. Mais de 80 pessoas morreram, neste ataque pelo qual o governo Assad foi responsabilizado.

- 'Cooperação' entre Erdogan e TrumpEm 14 de dezembro de 2018, Trump e seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, chegaram a um acordo "para assegurar uma cooperação mais eficaz em relação à Síria".

O telefonema aconteceu depois de novas ameaças de Erdogan de lançar uma operação militar no norte da Síria contra as YPG, grupo considerado "terrorista" por Ancara, em função de seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). A sigla trava uma guerrilha sangrenta em solo turco desde 1984.

Em 17 de dezembro, Erdogan disse estar determinado a "se desfazer" das milícias curdas, se seu "padrinho" americano não obrigá-las a se retirarem.

A Turquia já havia atuado na Síria em 2016 e no início de 2018 para expulsar os extremistas do EI e as YPG de suas fronteiras.

- Trump decide retirar tropasEm 19 de dezembro, Trump ordena a retirada das tropas americanas da Síria, ao afirmar que o objetivo de derrotar o EI foi atingido.

No dia 20, Trump declara que os Estados Unidos não têm vocação de serem a "polícia do Oriente Médio". França, Reino Unido e Alemanha reagiram mal a essa decisão, enquanto a Rússia, aliada de Damasco, considerou-a bem fundamentada.

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