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Chefe dos observadores da ONU chega à capital do Iêmen

23/12/2018 16h34

Sanaa, Iêmen, 23 dez 2018 (AFP) - O chefe dos observadores civis da ONU responsáveis por consolidar a trégua em Hodeida, chegou neste domingo (23) a este porto estratégico do oeste iemenita, informou uma fonte das Nações Unidas.

Procedente de Áden, o general da reserva holandês Patrick Cammaert fez uma escala na capital, Sanaa, controlada por rebeldes huthis, para pedir a colaboração das duas partes na manutenção de um cessar-fogo que entrou em vigor na terça-feira.

Combates esporádicos prosseguiam neste domingo na região de Hodeida, informaram fontes da ONU.

O general Cammaert chegou à cidade portuária em um comboio terrestre e na segunda-feira tem previsto visitar o porto, por onde entra a maior parte da ajuda humanitária internacional ao Iêmen.

Governo e rebeldes se acusam mutuamente de responsabilidade nos atraques, que por enquanto não parecem pôr em risco a missão da equipe do general Cammaert.

Neste domingo, a agência oficial de notícias Sana, controlada pelo governo, informou, citando funcionários não identificados, "63 violações da trégua pelos huthis durante os três primeiros dias do cessar-fogo".

Veículos vinculados aos rebeldes, por sua vez, acusam as tropas governamentais de violar esta trégua com disparos ou simples obras de fortificação das linhas de frente.

O oficial holandês foi recebido no aeroporto internacional de Sanaa por Ali Al Mushiki, líder dos representantes rebeldes na comissão mista (com o governo) que é responsável por aplicar a parte do acordo que diz respeito a Hodeida.

Os seis observadores que chegaram no sábado a Sanaa, procedentes de Amã, também estavam presentes.

- Ajuda humanitária -Em Áden, onde desembarcou no sábado, o general holandês fez um apelo ao governo iemenita e à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que o respalda a "fazer respeitar a trégua que entrou em vigor em Hodeida e a cooperar para garantir o transporte da ajuda humanitária", de Hodeida para todo o país, afirmou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, em um comunicado.

Em suas reuniões em Áden, o general Cammaert destacou que o "fracasso ou o sucesso dos acordo alcançados na Suécia depende apenas das duas partes" beligerantes iemenitas, segundo a ONU.

A primeira reunião do comitê que reúne os pró-governo e os rebeldes será celebrada em 26 de dezembro, informou em um comunicado o porta-voz do secretário-geral da ONU.

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por unanimidade uma resolução que prevê o envio de observadores civis ao Iêmen para supervisionar a evacuação de combatentes de Hodeida e assegurar o funcionamento de seus portos (os de Hodeida e os de Salif e Ras Issa), por onde passa grande parte da ajuda humanitária e das importações do país.

A cidade de 600 mil habitantes, controlada pelos rebeldes, é chave na guerra que confronta deste 2015 os huthis, apoiados pelo Irã, e as forças governamentais, apoiadas pela coalizão chefiada pela Arábia Saudita.

A guerra no Iêmen deixou ao menos 10 mil mortos desde 2015 e provocou a pior crise humanitária do mundo, segundo as Nações Unidas.