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'Coletes amarelos' fazem novos protestos na França, mas divididos

26/01/2019 18h45

Paris, 26 Jan 2019 (AFP) - Milhares de "coletes amarelos" voltaram às ruas da França neste sábado (26) para protestar contra as políticas do governo de Emmanuel Macron, apesar de terem surgido atritos internos sobre o futuro político do movimento.

O Ministério do Interior contabilizou 69 mil manifestantes em todo país, contra 84 mil na semana passada. Em Paris, quatro mil manifestantes foram às ruas, frente a sete mil do sábado passado.

Na praça da Bastilha, em Paris, alguns confrontos entre manifestantes e policiais foram registrados.

A polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar manifestantes que lançavam pedras. Pelo menos 42 pessoas foram presas na capital, segundo dados oficiais.

Um membro conhecido dos "coletes amarelos", Jérôme Rodrigues, foi evacuado por paramédicos após ser atingido por um projétil no olho. A polícia anunciou a abertura de uma investigação interna para apurar o fato.

Ao cair da noite, centenas de manifestantes começaram a se reunir Place de la République, onde os "coletes amarelos" convocaram um protesto noturno para "debater e compartilhar" suas reivindicações.

- Primeiras fraturas -Os "coletes amarelos" se mantiveram nas ruas, apesar do surgimento das primeiras divisões internas após o lançamento por alguns membros do coletivo de uma lista para assistir às eleições europeias.

Batizada de "Reunião de Iniciativa Cidadã" (RIC), esta lista conta atualmente com apenas dez nomes. Seu objetivo é constituir uma relação completa de 79 candidatos, antes de meados de fevereiro, em vista das eleições de 26 de maio.

A lista é liderada por Ingrid Levavasseur, uma assistente de saúde de 31 anos, que emergiu como uma das figuras do movimento de protesto que vem sacudindo a França há dois meses. Entre seus candidatos estão um empresário, uma dona de casa e um funcionário público.

De acordo com uma pesquisa, a lista de "coletes amarelos" teria 13% dos votos, atrás do partido presidencial A República em Marcha (de centro, 22,5%) e do movimento de extrema direita Reunificação Nacional, de Marine Le Pen (17,5%).

Nem todos os manifestantes pareciam concordar com essa iniciativa.

Um "núcleo duro está disposto a continuar lutando", disse Gilbert Claro, um manifestante de 42 anos, à AFP. Mas esse movimento "não deve ser político", acrescentou.

Para tentar encontrar uma solução para a crise, o presidente Macron suspendeu o aumento de um imposto sobre os combustíveis, o que havia sido o estopim para os protestos, além de anunciar o aumento do salário mínimo e de convocar um debate nacional de dois meses para "transformar a raiva em soluções".

Mais de dois meses após o início dos protestos, 64% dos franceses mantêm o apoio aos "coletes amarelos", aponta uma pesquisa do instituto BVA divulgada na sexta-feira.

No domingo, está prevista em Paris uma manifestação dos "lenços vermelhos", grupo que diz representar a maioria silenciosa na França, cansada da violência e dos distúrbios durante as manifestações dos "coletes amarelos".

bur-meb/es/ll/tt