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O impacto que acusação de corrupção pode ter contra Netanyahu nas eleições

08/04/2019 11h09

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chega às eleições legislativas sob a ameaça de uma acusação de corrupção, fraude e quebra de confiança que pode ter consequências nos resultados.

Pelo que ele é acusado?

No principal dos três casos, os investigadores acreditam que o governo de Netanyahu teria concedido favores correspondentes a milhões de dólares para o Bezeq, o maior grupo de telecomunicações de Israel.

Em troca, o grupo teria assegurado uma cobertura favorável para Netanyahu em um site de informações pertencente ao então diretor do Bezeq.

Em outro caso, os investigadores tentam determinar se alguns milionários deram ao primeiro-ministro e sua família, em troca de favores financeiros e pessoais, charutos, garrafas de champanhe e joias no valor de um milhão de séqueles (cerca de 243.000 euros).

No terceiro caso, os investigadores suspeitam que Netanyahu tenha tentado fechar um acordo com o principal proprietário do maior jornal financeiro de Israel para obter artigos favoráveis em troca de uma lei para limitar a distribuição de seu principal concorrente.

Ataques dos adversários de Netanyahu, o general Benny Gantz, principal adversário de Netanyahu nas eleições, criticou um governo "viciado nos prazeres do poder, da corrupção e do hedonismo".

Desde então, ele tem sido muito crítico. Gantz também acusa Netanyahu de cobrar 16 milhões de séqueles (cerca de 3,9 milhões de euros) vendendo ações de uma empresa que se beneficiou da compra, por Israel, de submarinos alemães.

Netanyahu nega estas acusações e denuncia uma "caça às bruxas". O partido de Netanyahu também tenta implicar Gantz em um suposto caso de corrupção contra a obtenção de contratos de uma empresa que ele dirigiu. No entanto, os serviços oficiais disseram que Gantz não estava envolvido.

Possíveis efeitos nas eleições

O procurador-geral, Avichai Mendelblit, anunciou sua intenção de indiciar Netanyahu por corrupção, fraude e quebra de confiança nos três casos. Ele ofereceu ao primeiro-ministro a chance de se explicar antes de finalmente decidir se mandaria o caso para julgamento. O prazo para o esclarecimento do premiê é 10 de julho.

A acusação e o julgamento são o cenário mais provável. Mas essa perspectiva teria pouca influência na votação, diz Denis Charbit, professor de Ciência Política.

"Os militantes do Likud acreditam que é uma conspiração e simpatizantes acreditam que Netanyahu talvez não seja perfeito, mas que ele é inocente até ser provado culpado", diz o especialista.

E se ele for acusado?

Se Netanyahu voltar a ser primeiro-ministro e depois for acusado, ele se tornará o primeiro chefe de governo da história de Israel nessa situação.

Legalmente, nada o forçaria a renunciar até que todos os recursos legais se esgotem. Netanyahu diz que quer governar "por muitos anos".

A maioria dos analistas consideram que ele não renunciará caso seja condenado, recorrendo até as últimas instâncias, o que pode levar anos.