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Nissan anuncia queda de receitas e eliminação de 12.500 empregos

25/07/2019 14h31

Tóquio, 25 Jul 2019 (AFP) - A montadora japonesa Nissan anunciou nesta quinta-feira a queda de suas receitas e que irá eliminar 12.500 empregos, paralelamente a uma redução de 10% em sua produção para 2022-2023, no âmbito de uma profunda restruturação de sua produção após a demissão de seu presidente, Carlos Ghosn.

"A Nissan reduzirá sua capacidade de produção global em 10% até o final do ano fiscal de 2022. Em consonância com as otimizações de produção, a empresa reduzirá a força de trabalho em aproximadamente 12.500 pessoas", disse a empresa em um comunicado.

O grupo já começou a aplicar cortes em oito fábricas diferentes na Espanha e na Indonésia, entre outros países, nos últimos meses, o que levou à eliminação de 6.400 empregos, disse seu presidente, Hiroto Saikawa, nesta quinta-feira em uma entrevista coletiva na sede do grupo em Yokohama, nos arredores de Tóquio.

Até 2023, o grupo continuará a cortar empregos em outras seis fábricas, com o objetivo de fechar as linhas de montagem para permitir uma redução de 10% na produção.

"Linhas de produção não lucrativas, especialmente no exterior, serão afetadas", disse Saikawa, sem dar detalhes.

Segundo a mídia japonesa, a América Latina possivelmente será uma das áreas mais afetadas.

No primeiro trimestre do ano fiscal 2019-2020 (abril-junho), os lucros da Nissan, sócia da montadora francesa Renault, chegaram a seu nível mais baixo desde a crise de 2008-2009.

"Admitimos que os resultados são muito medíocres", disse Saikawa.

Na prática, o lucro líquido da Nissan caiu quase 95%, para 6,4 bilhões de ienes (52 milhões de euros na taxa de câmbio utilizada pelo grupo), enquanto seu volume de negócios diminuiu 12,7% nesse período.

O lucro operacional caiu 98,5%, para 1,6 bilhão de ienes.

"Temos que admitir que esses números são inferiores às nossas estimativas, mas achamos que podemos melhorá-los" nos próximos trimestres, disse o presidente da Nissan.

"Nossas ações trazem seus frutos", particularmente nos Estados Unidos, declarou.

Por isso, a Nissan não alterou suas previsões anuais, com um lucro líquido esperado de 170.000 milhões de ienes (-46,7%) e um volume de negócios de 11,3 bilhões de ienes (-2,4%).

A Nissan explicou seus resultados pela desaceleração no mercado global de automóveis, mas também como resultado de sua mudança de estratégia após a prisão de Ghosn por supostas apropriações indevidas financeiras.

"A rentabilidade foi negativamente afetada pela queda nas receitas e por fatores externos, como custos de matérias-primas, flutuações na taxa de câmbio e investimentos para cumprir com normas regulatórias", explica o comunicado da empresa.

A Nissan decidiu reduzir as metas de vendas estabelecidas durante a presidência do Ghosn, que agora visa receitas de 14,5 bilhões de ienes no ano encerrado em março de 2023 (em comparação com 16,5 bilhões até o momento) e uma margem operacional de 6% (comparado a 8%).

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