Policiais se amotinam na Bolívia contra repressão a opositores
La Paz, 8 Nov 2019 (AFP) - Uma unidade da tropa de choque da Polícia de uma região central da Bolívia se amotinou nesta sexta-feira (8) contra o comandante da corporação, a quem acusam de ordenar a repressão contra manifestantes da oposição que pedem a renúncia do presidente Evo Morales.
"Estamos amotinados", disse, lacônico, um policial, com o rosto coberto a jornalistas no quartel-general da Unidade Tática de Operações Policiais de Cochabamba (centro do país).
"Vamos estar com o povo, não com os generais", disse outro, que tampouco se identificou.
Imagens de TV mostraram ao vivo cerca de vinte policiais no alto do edifício do quartel da polícia UTOP, agitando uma bandeira boliviana, enquanto dezenas de jovens opositores se amontoavam nos arredores, saudando-os da rua.
Os manifestantes estouraram fogos em um ambiente festivo e içaram em um mastro uma bandeira boliviana (vermelho, amarelo e verde), entoando o hino nacional.
Nas últimas horas, circularam versões - segundo o jornal Los Tiempos de Cochabamba - sobre queixas e reivindicações de militares contra o comandante da Polícia de Cochabamba, Raúl Grandy, de maus-tratos e ter se inclinado a favor de manifestantes governistas durante os confrontos de rua contra opositores.
No último conflito de quinta-feira, foram registrados durante os confrontos um morto e de 80 a 90 feridos. Segundo versões extraoficiais, os policiais receberam ordens de Grandy de reprimir aos manifestantes da oposição e favorecer o grupo de seguidores do presidente Morales.
Por outro lado, o comando policial nacional nomeou como novo comandante da Polícia de Cochabamba o coronel Javier Zurita.
A Bolívia padece a terceira semana de violentos protestos, com greves e bloqueios de ruas, contra a reeleição do presidente para um quarto mandato.
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