Renúncias deixam vazio de poder na Bolívia; sucessão de Morales é incógnita
O governo da Bolívia ficou acéfalo hoje após a renúncia do presidente Evo Morales e das demais autoridades que formavam a linha de sucessão constitucional. A Constituição boliviana estabelece que a sucessão começa com o vice-presidente, depois passa ao titular do Senado, seguida pelo titular da Câmara dos Deputados, mas todos renunciaram.
A renúncia do vice-presidente Álvaro García, da presidente do Senado, Adriana Salvatierra, e do titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, provocou um vazio de poder no país.
A incógnita é quem sucederá Morales na presidência, que renunciou após três semanas de protestos contra sua questionada reeleição nas eleições de 20 de outubro e depois de perder o apoio das Forças Armadas e da Polícia.
O advogado constitucionalista Williams Bascopé, próximo ao movimento que derrubou Morales, acredita que o Congresso deve buscar uma solução elegendo primeiro os novos chefes de ambas as casas do Congresso.
"Como há ausência de presidente dos senadores e deputados, têm que se convocar imediatamente os deputados e senadores, têm que eleger seus presidentes", disse o advogado.
A presidência da Bolívia pode ser ocupada interinamente por um senador, eleito em um acordo dos partidos políticos e os movimentos civis que impulsionaram os protestos.
Seja quem for, o presidente provisório deverá organizar um gabinete de consenso e convocar eleições o mais breve possível.
A titular do Senado que renunciou, Adriana Salvatierra, disse ao canal ATB que "tem que se construir um caminho institucional que permita reorientar o marco de funcionamento" do Congresso e "também a condução do Estado de forma transitória".
A sessão para escolher novos chefes do legislativo será convocada por uma das duas casas do Congresso, provavelmente amanhã.
O partido de Morales controla atualmente ambas as casas do Congresso, razão pela qual Bascopé pediu para que "os opositores não se desmobilizem" das ruas.
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